sábado, 25 de agosto de 2012

SAL SENTIMENTAL


Das salinas do sentir
O ser marnoto labora a alma
Marinha flor de sal
Âmago luzidio salgado
Quais lágrimas do mar
Em cristais chorado
Sentimental

Sal da ria
Montículos de poemas acastelados
Salgado aveirense
Por entre os sapais em beijos de marés
Flor de sal poesia
Lábios das mãos beijados
Moios de séculos de gente
Beijando-lhe o sal os pés
O sal da memória da ria
Bolem suavemente os tabuleiros
Dias e dias inteiros
De mão fincada ao ugalho
Duro esse duro trabalho
Piramidal brancura
Dando fome à loucura

Levo a alma pela ria
Por entre pirâmides em montes
Em escondido madrigal
Sinto-lhe a face sombria
Atravessando o canal
Por debaixo das pontes
Levo a alma às salinas
Sinto-me uma carregadeira
Transporto-a dessa maneira
Filha do sol e do vento
Tenho nas mãos pequeninas
Todo o sal do sentimento
Ungida em forma dócil e fria
Batizo o mar do pensamento
Nos meus olhos de contentamento
Fervilha o sal da ria
musa

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