Do céu cinzento
A chuva molha penas
Asas ao vento
Da areia molhada
Levantam aves às dezenas
Em estridente revoada
Bando que desatina
A água cansada
Na orla da praia caminha
Um homem sozinho
De alma abandonada
Passeia o destino
Pesa-lhe aluvião
A chuva sem tino
Esfria a solidão
Nos olhos a escorrer
Gritos de aves
Na pele a sofrer
Dores suaves
Alegrias graves
Vagas parecem adormecer
O mar parado
Tão calado
E o corpo do homem a estremecer
Por dentro o sangue cinzento
Leva-lhe ânimo alento
Dia sangrento
E as aves barulhentas
Doidas pardacentas
De penas molhadas
Vidas desencontradas
Cantam a guinchar
Gaivotas em terra
Tempestade no mar
E o homem lá caminha só
Debaixo do guarda-chuva
Nos pés húmidos lama pó
E a sua vida que não muda
…
musa
2 comentários:
Olá, Ana Barbara!
Vim na "revoada de penas"...
Um enorme abraço!
Grata pela leitura Maria João
pelo sentir não de penas mas na alegria da poesia
carinho poético
Bjinhos
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