quarta-feira, 9 de novembro de 2011

REVOADA DE PENAS


Do céu cinzento
A chuva molha penas
Asas ao vento
Da areia molhada
Levantam aves às dezenas
Em estridente revoada
Bando que desatina
A água cansada

Na orla da praia caminha
Um homem sozinho
De alma abandonada
Passeia o destino
Pesa-lhe aluvião
A chuva sem tino
Esfria a solidão
Nos olhos a escorrer
Gritos de aves
Na pele a sofrer
Dores suaves
Alegrias graves

Vagas parecem adormecer
O mar parado
Tão calado
E o corpo do homem a estremecer
Por dentro o sangue cinzento
Leva-lhe ânimo alento
Dia sangrento
E as aves barulhentas
Doidas pardacentas
De penas molhadas
Vidas desencontradas
Cantam a guinchar
Gaivotas em terra
Tempestade no mar

E o homem lá caminha só
Debaixo do guarda-chuva
Nos pés húmidos lama pó
E a sua vida que não muda
musa

2 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Olá, Ana Barbara!
Vim na "revoada de penas"...

Um enorme abraço!

Ana Bárbara Santo António disse...

Grata pela leitura Maria João

pelo sentir não de penas mas na alegria da poesia

carinho poético
Bjinhos