Tu já lá não estavas
No vidro embaciado como se fosse fumaça
Em gotas de chuva resvalavas
Friamente molhado
A janela fechada trazia o cheiro da terra humedecida
E da rua nada trespassava apenas o cheiro inventado
A vidraça cerrada encerrava a minha guarida
Dos vidros da janela o meu olhar embaciado
A chuva que pingava sobre a minha vida
Invenções húmidas do meu passado
Olhei a vidraça com o bafo da casa impregnado
Desenhadas silhuetas de fios de cabelos
Quando o meu olhar te viu lá fora parado
E com a ponta dos dedos deixei sê-los
Fios segurando doces marionetas
A cabeça encostada à janela
Imaginando borboletas
Numa vidraça aguarela
Olhei a vidraça
Tu já havias partido
E na minha alma baça
Já nada fazia sentido
Sem saber o que fazer
Nada tinha cor
Somente gotas a escorrer
Pelo vidro humedecido
O frio do meu amor
Cortava a respiração
Em gotas de chuva dor
Dizia-te na paixão
Respiro-te no vidro
Choro-te no coração
…
musa
2 comentários:
Fico sem palavra perante a poesia sublimada que verte da sua alma.
Deixo um beijo e a minha admiração :)
Grata imensamente Sandra...
A alma poética é uma partilha de inspiração em construções de sentir... pedra a pedra pena a pena entre castelos e pares de asas...
Admiração retribuída na sensibilidade do carinho da poesia...
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