domingo, 15 de abril de 2018

PODE DIZER-ME A SENHA

Pode dizer-me a senha?

Nos cafés, nos autocarros, nos comboios, no banco do jardim
Há vales, prados, campinas, floresta
Há clareiras luminosas de cetim
E a vida parece uma festa

E se eu te emprestasse o meu olhar
Podes dizer-me a senha, por favor?
Abre os teus olhos e deixa-me entrar

Ainda que na natureza 
A folhagem da vida
Tímida na incerteza
Dúbio despertar
A árvore o peito
Um vale escondido
Um recanto esquecido
O lugar perfeito
Do sexto sentido

A cédula da memória
O cais perdido
Vale para além da história
Ou da eternidade
A senha inglória
Temerosa cumplicidade
Lágrimas desfeitas
Lembranças imperfeitas
Senha da intimidade
Sem saber o que dizer
Contar ou escrever
A chave da saudade
...
musa

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