CRÓNICAS DE MARQUESA
19 DE MARÇO 2013
Hoje os pais estão todos
ocupados. Entrei no site de relacionamentos virtuais onde habitualmente se
procuram amizades e não engates, como pode ser pensado, e fiquei por lá horas e
horas, sem que uma alma teclasse comigo, porque estavam todos ausentes, os meus
pais de família com quem jogo conversa fora, falamos de tudo o que realmente
não importa e vejo-me lusitana (não grega), para que eles aceitem o género da
minha conversa e não descambem para outros assuntos tais como: olha dás-me o
teu numero de telemóvel, vamos sair, vamos tomar um café ou algo mais, e por
aqui me fico pois a lista tende a piorar e isso pode chocar as mães de família
que vão ler este texto.
Habitualmente passo longas horas
e teclar com esses pais de família e fico com a ideia de quão monótona deve ser
a vidinha marital que os leva a surripiar conversas com a vizinha virtual que
nem sempre é como se pinta, e pode até muito bem ser do mesmo sexo mas com
vontade de usar soutien.
Há dias um pai de família
confidenciava-me não saber mais o que fazer à sua despectiva mãe de família
para que a sua intimidade subisse aos píncaros da sensualidade e fogosidade de
maneira a morder a monotonia em dentadinhas capazes de acordar a pequena prole
em descanso pela noite já alta, e pedia-me argumentação suficiente para que o
ajudasse a deslindar o terrível problema que o afligia mais do que o défice do
orçamento de estado, soluções rápidas e eficazes de modo a que não precisasse
mais de frequentar assiduamente as amizades coloridas e assim ser um exemplo de
pai de família.
Hoje mesmo já começara a ratear o
tempo de antena das suas dulcineias virtuais, dando-se ao trabalho e dando o
exemplo de pai extremoso, indo buscar a garotada ao colégio armado de fato e
gravata e o bolso do lado vazio para receber a flor feita de feltro e chita
coberta de purpurinas e cola bastante para que o fato tenha que dar um salto à
lavandaria. Forte o suficiente para aguentar beijoqueiros ranhos e
choraminguices de um dia cansativo de trabalho forçado pelas educadoras
vingando o tédio do tempo em ocupações de manualidades convencionadas em
trabalho infantil não sujeito a precaridade isenções e punições.
E com isto fiquei eu sem os meus
pais de família com quem jogo conversa fora até que eles desistam de me aturar
pois de palavras não vive a “libertinagem”…
Mas voltarei, porque amanhã não é
dia de coisa nenhuma e eles lá estarão de conversa afiada ousando as palavras e
sacudindo o tempo em minutos para que algo aconteça e no fim a cereja no topo
do bolo seja dois dedos de conversa à mesa de um café tentando convencer a
marquesa que o melhor lugar mesmo para um razoável conhecimento é mesmo a
marquesa.
beijos na horizontal e até uma
próxima… e ah… feliz dia do pai a todos os ausentes das minhas tertúlias
virtuais.
marquesa
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