... andava pelas ruas do Porto quando ouvi a noticia...
RIP a MANUEL ANTÓNIO PINA obrigada pela Poesia e pela
Literatura Infantil
A um Jovem Poeta
Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
de ti. Procura-a em prosa, pode ser
que em prosa ela floresça
ainda, sob tanta
metáfora; pode ser, e que quando
nela te vires te reconheças
como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.
Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.
Manuel António Pina, in "Nenhuma Palavra e Nenhuma
Lembrança"
ROSA POESIA
Esta tarde nas ruas do Porto
Havia um cheiro a rosas
De velas queimadas
Apagadas ardidas
Havia nos rostos prosas
Alguém dizia: morto
As flores desfolhadas
As velas acendidas
Denunciavam o porquê das rosas
Das pétalas arrancadas
Das prosas sentidas
Havia tristeza no olhar do poeta
Uma dor de ausência florescida
Havia uma mágoa secreta
Que por entre palavras rosadas
Crescia sem saber porquê de vida
De prosas ausentes desfloradas
Na pobreza de poemas sem razão
Que a dor da morte desperta
Para além dos roseirais da ilusão
Havia um lugar vazio
Uma rosa fenecida
Uma prosa sucumbida
Uma poesia falecida
Um poema já frio
…
musa
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