quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

CASA EM RUÍNAS ABRIGO DOS POETAS

O tempo repousando
Na casa em ruínas
Vai dela se enamorando
No vento murmurando
Doce roçar das esquinas

E o meu fascinado olhar
Às voltas na rotunda
Pelo portão quer entrar
E lá dentro se afunda

Seio da casa arruinado
Onde o tempo parece parar
Qual castelo de magia encantado
Na colina frente ao mar
Do casarão abandonado

Fluem dela ternas vibrações
Sem portas janelas telhado
Transparecem-lhe as estações
De um tempo incalculado

Da Primavera Verão Outono Inverno
Tempo impávido e sereno
Dentro da casa faz-se eterno
Circunda-a à volta no terreno

Onde plantada se ergue
Altaneira moradia de outros tempos
Hoje feita ruínas e lamentos
Cresce-lhe o mato as palmeiras a sebe
E labirintos de jardins imaginados
De uma saudade que o tempo lhe deve

Em fantasias e sonhos guardados
Que perduram nas paredes pensamentos
Que murmuram nas paredes sentimentos
Dos parcos tijolos tombados
Das telhas filhas dos ventos

Do que resta da casa de magia
Lá longe do portão fechado
Olho para ela e penso em Poesia
Acabo confessando meu sonho guardado

Abrigo dos Poetas fantasia
Esse casarão inanimado
Que será meu um dia

Que em versos já faz história
Que será meu instante de memória

Quero dar-lhe vida
E cor e movimento
Perpetuá-la no tempo
Lá por dentro

Correrias de crianças
A esvoaçar esperanças
Das suas janelas a inspiração
A fluir momento
Na paleta de pintores
Em cores de imaginação
Riscos de um novo alento

Pianos flautas violinos
Em acordes melodia prece
Tocando muitos destinos
E qual uma aranha que nos tetos tece

À sua volta belos jardins de flores
Quero a casa cheia de palavras
Recordações de sonhos e de amores
Risos e animadas conversas
Em vez de choros mágoas
Uma casa alegre sem tempo sem pressas

Serões de música canto e poesia
As paredes a transpirar alegria
A casa a abarrotar de felicidade
A cada visita um selo de saudade

A Arte no colo dos seus cantos
Quero-a de portas abertas e luzes acesas
Iluminada de vida e de encantos
Onde as estrelas nunca fiquem presas
Viva de risos e nunca de prantos

Quero-a a dar Poetas ao mundo
Pintores Músicos Cantores e outros Artistas
Parte deste sonho intenso e profundo
Abrigo dos Poetas que a tantos já conquistas

Casa em ruínas lá na colina
Para lá do tempo e frondoso mar
Erguida imponente solitária menina
Que nos meus sonhos veio morar
E que para além do portão tanto me fascina

Guardo-a numa foto para a namorar
E o desejo secreto de um dia a comprar
Por enquanto e só… resta-me sonhar
musa

2 comentários:

Teresa Almeida disse...

Fico fascinada com o ABRIGO e com o poema.
Faço-os meus por tanto me identificar com eles.

Beijinhos Ana Bárbara.

Teresa Almeida disse...

Passei hoje no Abrigo dos Poetas e fiquei surpreendida.
Começaram pelo portão - está lindo!
O jardim anda em revolução. Tudo indica que este abrigo deixará de ser um velho casarão.