sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

NÃO DEIXAREI A TRISTEZA

NÃO DEIXAREI A TRISTEZA

Bairros ausentes de janelas fechadas
Lavradio de silêncio em memórias guardadas
Quem sabe testamentos por cumprir
No papel rasgado o desassossego desolador
E no esquecimento do pó humedecido
Um olhar da janela entristecido
A sombra luz a refulgir
Em laivos fugidios de amor
Uma telha desviada 
Uma brecha mutilada 
Um vidro partido
A brisa bruma névoa a fluir
E o lugar da porta ausente
Todos os sonhos evadidos
Nada por possuir
A cama ainda quente
As lágrimas a escorrer
E a única certeza
Não deixarei a tristeza
No vão da vida morrer
Por entre os versos perdidos
Um odor de grito profundo
As tábuas do chão dos sentidos
E dos verbos tanto que fica por escrever
No fundo da alma bem fundo
Resquícios do encerado em vincos mágoa 
Farpas nos dedos feridos
Preces murmúrios gemidos
Olhos vazios ombros descaidos
O maior peso do mundo
A palavra
   
musa

2 comentários:

namastibet disse...

do fundo da alma, bem do fundo

namastibet disse...

obrigado por sentir sob a forma de poesia