sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

ODORES INFINITOS

ODORES INFINITOS

Sobre as pedras de algodão porosas
Que lágrimas arrastam do olhar
Como se a alma pudesse perfumar
O chão a pele e as mãos com água de rosas

A envolvência de silêncio micelar
Perfumes antigos de uma arte perdida
E das mãos rústicas e bondosas
A química e o silêncio da vida
Fossem selagem do sentir
Cardos palavras sequiosas
Numa aridez enternecida
A fazer existir
O tempo

A mágica fórmula de odores infinitos
Como um sopro de vento
A talhar a pedra de poesia
Em mansos gritos
De sentimento
E melancolia

Na serena magia de um abraço
De mulheres no gesto e no conforto
No momento e no cansaço
Das pedras da calçada
Da rua e da estrada
Do cais e do porto
A dizer-te adeus
Entre lábios o estremecer
A olhar dos céus
Tão cansada
De viver
...
musa

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