domingo, 16 de julho de 2017

EM VELHO CIMENTO

EM VELHO CIMENTO

“Não reconhecemos a velhice em nós, nem sequer paramos para observá-la, somente a vemos nos outros, mesmo que estes possuam a mesma idade que nós” Simone de Beauvoir    

De que é feita a vida
Frágil silêncio tão quebrável
De uma mudez sensitiva
Estranha maleável
Luminosidade em velho cimento
A roçar caminhos do esquecimento
Abrindo fendas no sentir
Pelo peso das lágrimas a cair
Quando a dura realidade
Faz dos sentidos o negro papel
A trémula fragilidade
De uma amarga cal
Um barro endurecido
De ossos e de pele
Uma alma sem eternidade
De tão humana e carnal
O olhar perturbador
De sentimentos despido
A espelhar o vazio da dor
O cimento translúcido e frio
O romper da morte em flor
Da vida por um fio
...
musa

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