segunda-feira, 15 de agosto de 2011

TOADA DO SER

Feita imensa pele de ritos


Na intensa saudade do passado


Adensa a vontade de ainda ser


Transverso avesso do outro lado


Onde sendo possa transparecer


Por já não ser nunca me canso


E se na vida ainda danço


Sinto os pés no chão


O corpo bem fincado


Cabeça e coração


Tudo bem colado


Doce sensação


Ser alado






Terei umas asas a esvoaçar-me o ser


Corpo emaranhado de chuva e ventania


Terei cabelos como cera a endurecer


Cintilante pluma em fantasia


Qual crina em pingos tombada


Pavio da vela a esmorecer


Da luz do ser apagada






O ser que se desprende e vai partir


Em hora que de mim estará ausente


Pois nesse instante eu não quero sentir


Que morta me despeço do presente






Voltarei como outras almas voltaram


Aquelas que palavras me trouxeram


E em poesia me dominaram


Em poemas tudo me deram


No verso tudo me deixaram






Rogo-te pois Ó deus dessa criação


Que dominada de palavras me sinto


Leva-me da vida com a mesma paixão


Com que no verso te clamo e te minto






E toda feita dos mais puros poemas


Sangrada até à desesperação


Inspiração que já me acenas


Leva-me daqui em exultação






Faz-me ser passado e já esquecida


Não quero que vejam este existir


Não quero que saibam a dor desta vida


Do tudo que em tanto já pude sentir





musa

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