segunda-feira, 18 de julho de 2011

MIRANDO ELA BRANCA LOURENÇO

                  (El Rei D. Dinis e a Rainha das Rosas Santa Isabel)

MIRANDELA princesa do TUA, águas de história mirando ela…
Terras doadas a uma dama por El Rei D. Dinis, à formosa amante BRANCA LOURENÇO por seus serviços de cama, desejo testamentário conforme se guarda em memórias.
Em nome de Deus amen. Conheçam quantos esta carta virem e leer ouvirem que eu dom Deniz pella graça de Deus Rey de Portugal e do algarve com ho infante dom Afomso meu filho primeiro herdeiro dou e outorgo a vos Branca Lourenço a minha villa de Mirandella com todos seus termhos velhos e novos, dereictos e dereicturas, rendas, padroados e com todo o dereito e jur reall que eu ey e de direicto devo a aver em essa villa e em seus termhos velhos e novos e que vos ajades e possoyades em toda vossa vida. E se Deus tiver por bem que eu aja de vos filho ou filha ou filhas a vossa morte fique a dicta villa com todos seus termhos velhos e novos e pertenças e com todo dereyto reall ao filho ou filhos, filha ou filhas se ho eu de vos ouver. E mando e outorgo que aquel ou aquelles que dese filho ou filhos filha ou filhas se ho eu de vos ouver decenderem de dereicta linha liidimamente aja ou ajam a dicta villa com seus termhos velhos e novos e direictos e padroados como dicto he. E se esse filho ou filhos, filha ou filhas se o eu de vos ouver ou aquelles que delles descenderem de dereicta linha liidimamente morrerem sem filhos liidimos a sobredicta villa com seus termhos, padroados e dereictos torne-se aa coroa do Regno com todos seus melhoramentos livremente e sem embargo nenhum.
E esto vos faço por compra de vosso corpo. E todollos Reys de Portugal que depos mi veerem que aguardarem e manteverem esta doaçam que eu faço e nunca contra ella veerem em todo nem em parte ajam a beençam de Deus e a minha pera todo o sempre; e se alguns dos Reys de Portugal que depos mim veerem nom aguardarem e manteverem esta minha doaçam e contra ella veerem em todo ou em parte aja a maldiçam de Deus e a minha pera todo o sempre. E por esta doaçam seer firme e mais stavel e nunca viir em dovida dei a vos Branca Lourenço esta minha carta sellada do meu sello do chumbo.
Feita em Lixboa viinte e oyto dias de Joynho. El-Rey o mandou. Afomsso Martins a fez era de mil trezentos trinta nove annos. [Para os mais distraídos: 1301 da era de Cristo.]
In Francisco Manuel Alves, Abade de BaçalMemórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Tomo IV, p 443, ed. Câmara Municipal de Bragança, 2000

BRANCA LOURENÇO

Sois vós formosa
Minha dócil dama
Pele cheiro de rosa
Perfumando minha cama

Não há dia que não vos veja
As minhas mãos ao vosso olhar
Como quem outros olhos deseja
Outro corpo quer amar

Sois uma dama com respeito
Que aos meus serviços se entrega
Dou-vos lugar no meu leito
Corpo que de vós já se apega
Trazendo vossos olhos no peito
Que por amor a terra reclama
Quando ao vosso lado me deito
Sois vós minha única dama

Mirando ela
Já o dizem
À terra dando-lhe o nome
D. Dinis de Branca tem sido
Formosa mui bela ela
Pois que dela ajuízem
Algo mui nobre ou parecido
E podem dizer
El Rei muito apreço lhe tem
Pois ela lhe dá muito prazer
Do berço perde-lhe o sentido
O corpo que lhe dá o ser
Ama-a como a ninguém
É já um caso perdido
Nada se pode fazer

E por favores do corpo saciados
El Rei vila deMirandela lhe doou
Terras ermos outeiros sagrados
Montes que de seu corpo cismou

É-lhe serva de afectos pelas terras
Alqueires formosos de Mira Tua
A estender para além das serras
Perde-se olhar quando sua

Formosa sim e boa de cama
No seu leito bela e nua
Por entre trovas a ama

Nem a Rainha das Rosas o prende
Pois o rio Tua lhe corre selvagem no peito
Branca Lourenço seus caprichos entende
E de prazer o atende em seu leito
anabarbarasantoantonio

1 comentário:

Anónimo disse...

Que bonito, Ana!
(: Again!

Beijo