segunda-feira, 22 de junho de 2009

SER-TE COMO NAS ASAS DE UM RIO

Ser-te como nas asas de um rio
em voo rasante pelo teu desejo
turvando suavidade com que sonho
fazes ondular o meu corpo
prazer doçura que antevejo
em imensidade mar
vagas que em ti se espraiam espelho
desta sede de amar sem horizontes
e de adormecer em recônditos desejos
de um incontido olhar
como água vertendo em fontes
que se esconde nas margens profundas
de um sereno mistério da noite
onde dimensão de um tempo que nos acolhe
resiste para ficar a eternidade
desprendida de carícias ou de um açoite
sentada no sorriso das palavras que não diremos
vou fiando esta vontade que não nos assuste
nem fique presa às nossas almas
nem cansada de permanecer nas margens
do silêncio tido entre nós
enquanto as ondas invadirem calmas
sem transvazarem medo
apenas loucura desperta pelo cheiro sem voz
e em marés onde correntes nos procuram
haja murmúrios da nossa pele
a sussurrar baixinho onde perduram
mergulhos da nossa louca vontade
a sermos vagas quando já não houver mar
e no teu leito possa correr rio
em jorros de felicidade
nascente aberta no teu peito
assim eu saberei
num tempo preso por um fio
que é chegado momento
do teu curso afluente se soltar
e entenderei
que é hora de me agarrar
ao sentimento
de permanecer em ti
para sempre
sem tempo
de amar

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