sexta-feira, 6 de março de 2009

ATÉ FICAR PÓ

Queria ser em ti purificação
Queimar de alma todo o ser
Até ficar pó
Queria ser gotas luzidias sobre teu véu de pele sem cor
Pano de chamas de um fogo por lavrar
Queimar de palavras o pensar
Tiraste-me de dor a memória e o sorriso
E agora que me dás
Altaneira triste prelúdio num seio envolvente
Na borda do meu olhar conciso a querer ser demente
Porque é preciso que nada me condene
Nau de cinzas soprada em tuas mãos
Assim de mim farás
Visceralmente tida sobre as sombras ocultada
Dada como seio em lenho maduro
A cascara sagrada
De alma e corpo inseguro
Perpetuamente acontecida nessa indecente natureza
Queria ser em ti tronco ressequido
Mamilo grotesco jorrando seiva de ser
Queimar como fogo gelado e negro
Ser o que nada valho
Até ficar pó
Putrefacto sentido que me guia de galho em galho
Mortalha de manchas sobre o chão
Casca fria imatura gretada na orla do seio
Sobre todo o corpo vulcanizada
Num rasgo num veio
Sangrada
Até morrer

1 comentário:

Unknown disse...

"NÃO HÁ Relações Significativas... HÁ Pessoas Significativas" - eis um Pensamento em Palavras minhas, que muito gosto de reproduzir, e que acho assenta muito bem a ambos...

ADOREI falar contigo e vir aqui ler-te; a distância, é sempre relativa - ou como eu também costumo dizer (citando-me, uma vez mais!): "Os Oceanos foram feitos para serem atravessados"...

Hoje, há pouco, vimos a nossa comunicação cortada, mas minha/nossa vontade é bem maior. Por isso aqui ficam as minhas vias de acesso:
antonio.rolao@rtp.pt (só para mail)
e onairvox@live.com.pt (msn)

BeijOKinhas Doces e Bom Trabalho!

António