AGRADECIMENTO pelo Prémio Literário do Conto Nuno Nozelos.
Como nos diz o escritor poeta
argentino Jorge Luís Borges “O livro é uma extensão da memória e da
imaginação.“
Aprendi com as gentes da minha terra a
guardar das palavras falantes, memória de sentidos e sentimentos em palavras
escritas.
A vida que tive na casa da aldeia
transmontana é um cordão umbilical nunca cortado, e as águas rebentadas do
parto, continuam a escorrer pelo gosto da escrita, molham páginas de afetos de
imaginação transbordantes, às vezes em jeito de diário, outras vezes silêncios
confessados em poesia, escrever, assumo, tem sido o meu jeito de conversar com
o passado tentando ouvir o presente para que no futuro, sobre tempo de lembrar
quando esquecer teimar em quebrar o fio da vida.
O livro é a casa onde habitam as palavras,
as coisas herdadas de um interior alma, do qual o silêncio é o testamenteiro.
Este conto “A TOALHA”, baseado em factos
reais, inspirado na história da toalha que guardo comigo, como lembrança da
casa das avós, feita de fios que ligam passado, presente e futuro, é a teima de
que a vida tem sempre um fio de Ariadne que contra tudo e contra todos, salva
pelo amor a circunstância, ou circunstâncias de equívocos, de relações
sentimentais, destinos quais Minotauros, como sacrifícios em labirintos reais,
tramas e dramas familiares onde o amor é o eterno vencedor.
A personagem “D. Chama” representa a mulher
que vive um grande amor, independentemente do destino, firme no propósito do
seu coração, acreditando que a vida se encarrega de colocar tudo no seu devido
lugar, e que a lei do retorno não falha, porque há um juiz chamado tempo.
O seu carácter é a transfiguração do homem
escritor, atento ao seu redor, atento ao outro, e representa um pouco todas as
mulheres que me rodearam na minha infância e juventude, e de muitas delas já
escrevi em textos para Colectâneas.
Dedico este prémio à Academia de Letras de
Trás os Montes, que muito me honra fazer parte desta família literária, onde
escrevo com o pseudónimo de Ana Bárbara de Santo António, e com quem muito
tenho aprendido, e estou certa de que ainda tenho muito a aprender.
Aproveito para saudar a Direção que este
sábado foi reeleita e desejar-lhes sucesso na pretensão de divulgar o
património intelectual transmontano com a qualidade excepcional de que são
zeladores.
Sou só uma romeira na escrita, peregrina de
palavras nesta batalha de sentidos em busca de caminhos para os meus
pensamentos.
A Academia de Letras de Trás os Montes tem
me oferecido esses caminhos, e ao proporcionar-me páginas de escrita, vai dando
colo aos meus afetos guardados na gaveta, de raízes transmontanas, de que me
orgulho e tento dar o melhor testemunho das vivências da infância e juventude,
sendo o alimento que nutre os textos que falam de gentes e lugares por terras
de Trás os Montes.
Foi nesta cidade que aprendi a ler e a
escrever, alimentei o gosto pelas palavras e pela leitura, frequentei a Escola
Primária da Praça, a Escola Primária da Central e a Escola Primária do Bairro
Operário, o Ciclo Luciano Cordeiro e a Escola Secundária.
Fui leitora assídua da Biblioteca
Municipal.
A todos os meus professores, digo Muito
Obrigada de Coração. Este prémio é a minha gratidão por tudo o que me
ensinaram.
Escrever tem sido na minha vida quase como
uma terapia, deixo-me levar pelo sabor da pena, não trabalho com objectivos
claros, guio-me pela inspiração, não tenho hábitos de escrita
diária, não planeio temas de escrita, esqueço-me muitas vezes o que aprendi nos
quinze anos de estudante.
Confesso que a prosa me intimida bastante,
sinto-me mais à vontade escrevendo poesia, na prosa sou muito indisciplinada,
rebelde, esqueço as boas regras de uma literatura imaculada, e dou muito
trabalho a quem muitas vezes tem a paciência de me corrigir.
Quero sempre aprender mais e tentar
construir o meu próprio caminho viajando com leituras que me fascinam e
encantam. A leitura será sempre o meu mundo mágico.
Agora os AGRADECIMENTOS: que passo a
nomear,
À Câmara Municipal de Mirandela, Exma. Sra.
Presidente Dra. Júlia Rodrigues, Muito Obrigada por ter acarinhado este prémio,
generosa vontade do ilustre escritor Nuno Nozelos,
Exma. Sra Vereadora da Cultura Dra. Vera
Preto,
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia
Municipal, Sr. Luis Guimarães,
Exmo. Sr. Presidente da Junta de Torre de
D. Chama, Sr. Nuno Nogueira,
Exma. Sra. Presidente da Assembleia da
Junta de Freguesia, Sra. Fernanda Reimão Correia
Ao Ilustríssimo Júri deste concurso
literário, A TODOS MUITO OBRIGADA.
Sendo uma obra imperfeita, peço que perdoem
as falhas que terá, tentarei da melhor forma cumprir e honrar o propósito desta
distinção, contando com as ajudas adequadas.
Aproveito para agradecer o apoio da minha
editora a Avelina Ferraz do Grupo Editorial Novembro, foi com ela que publiquei
o meu primeiro livro de poesia em 2006. E com quem estou até hoje.
Aos meus pais, família,
amigos, a todos os que partilham comigo esta paixão pela escrita.
Obrigada por me apoiarem, por estarem ao meu lado.
Ao ilustre escritor Nuno Nozelos, hoje representado
pela sua digníssima esposa Sra. D. Celeste Nozelos, agradeço de coração cheio,
a oportunidade deste prémio. Conheci-o pessoalmente aquando da homenagem que a
terra de adoção merecidamente lhe prestou, a convite do então Sr.
Presidente da Junta de Freguesia de Torre de D. Chama.
Li alguns dos livros que publicou,
admiro a sua obra, e do homem escritor, guardo memória do ser altruísta,
gentil, prestável, de quem os homens falam e louvam pelo ser humano que foi de
afável trato, sempre disponível para ajudar o próximo, fiel guardador de
costumes e tradições, donde retirava a inspiração para transformar sentidos em
palavras.
Recebo este prémio com a satisfação de ter
nascido em Torre de D. Chama, com a gente da minha terra o partilho, fazendo questão
sempre que algum desafio de escrita se impôe, tratar de olhar no baú do passado
e remexer o enxoval dos afetos em busca de inspiração, contando das minhas
gentes, as estórias ao meu redor, as conversas de escano, com as avós, e muito
honrada me sinto em inaugurar este prémio literário com o seu nome e faço votos
de que assim seja que cada um de nós se sinta motivado e inspirado em seguir o
exemplo de vida do escritor.
Do homem poeta gosto muito deste poema: que
certamente ele escreveu para o seu grande amor, e lhe dedico a si
minha senhora esta leitura.
Do livro “A Musa Preterida” de 2001
No princípio era a Terra,
A Terra, tela vazia.
E Deus teimou convertê-la
em bela policromia.
E, tomando a paleta e os pincéis,
brotou do génio insigne do pintor
quadro de magia,
que melhor se traduzia
em sinfonia da cor.
Mas, perante a assombrosa maravilha,
o magno Artista Divino
deixou trair uma expressão inquieta.
Algo faltava à tela, que supriu:
deu-lhe então um tom do nú-róseo feminino
e então sorriu.
A obra era completa.
Nuno Nozelos
Muito agradecida a todos pela presença. Bem
hajam.
Ana Bárbara de Santo António
25 de Maio de 2021,
Paços do Concelho da
Câmara Municipal de Mirandela
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