quinta-feira, 5 de outubro de 2017

DAS PEDRAS QUE FALAM

DAS PEDRAS QUE FALAM

Não sei de que falam
As pedras trazidas
Pelos olhos
De minha mãe
Que bramidos calam
De rezas sentidas
De aqui e de aquém
Ermos lugares
Onde não anda ninguém
Perdidos belos ares
Espantados olhares
De um silêncio infinito
Tão perto tão além
Onde o manso grito
É doce melodia
Em firme granito
De pedra melancolia

Firmes esteios sombras e luz
A embalar a noite e o dia
A hora que de surpresa seduz
A treva de estrelas e a escuridão
Bruxas e faunos fazendo magia
Profanos e divinos segredos
A escapar-se dos dedos
A cúmplice ilusão
Da eternidade

Das pedras que falam
De vida e de intimidade
Entre o vento e a alma
A pedra e o corpo e a ave
O murmúrio o cântico e a calma
Entre a terra o céu e a poesia
A palavra a empedernida trave
A umbilicalidade do sentir
O chão enraizado de agonia
Os sentidos e o espanto
No cimo da Serra o encanto
O agradecer e o existir

musa

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