segunda-feira, 1 de maio de 2017

A UM DIA QUIETO E TRISTE

A UM DIA QUIETO E TRISTE

O silêncio da casa vulnerável e sofredor
Endoidece com o barulho da rua
Cães que ladram e crianças a gritar
E da varanda do vizinho fala uma catatua
Declama para quem quer ouvir poemas de amor
Atravessa o passeio e fica a exclamar
- Que bem que lê poesia quem do alto assobia!
Ou a musa que vai nua
E a um dia quieto e triste
Com lágrimas no olhar
A rua barulhenta e a casa silenciosa do bairro em mim
Condena entrega tortura e insensivelmente fantasia
Como se a loucura fosse um parto sem fim
Pranto de águas vertidas pela saudade
Julgo ainda ouvir essas crianças rindo
Fazendo eco adentro na intimidade
Ou um passado de mágoas florindo
Um silêncio capaz de me redimir
Um botão de eternidade
No jardim do tempo
Das rosas por abrir
O sentimento
Do sentir
musa 

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