quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

POEMA ÀS MULHERES TRISTES

POEMA ÀS MULHERES TRISTES

Vejo-as sombrias
Olhar embaciado e cru
As mãos trémulas e frias
O corpo negro e nu
De cores fugidias
Gastas pelo sal das lágrimas
E pela vicissitude das mágoas
Consentidas de ilusão
Sobem e descem calçadas
Arrastando a solidão
Carregam o medo no peito
Pesam-lhe pequenos nadas
Apáticas e atarefadas
São maresia e litoral
Trazem o sonho desfeito
E a desgraça por vendaval
Em raiva e trovão

As mulheres tristes
Morrem cancerosas
Murcham dentro de si silêncio e pranto
Árido chão carnal
Semeiam a esperança das rosas
Em humedecido desencanto
Róseos laços
Desabrochando abraços
Quando a tristeza em temporal
Acinzenta o olhar
Na caída folha outonal
E tristes as mulheres da vida
Sonham em adiar a partida
Quando o luto
Se faz cal
musa 

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