domingo, 27 de novembro de 2016

RUÍNAS DO RIO



RUÍNAS DO RIO

Anjos sossegam as asas na cúpula ascensão
Às vezes questiono-me sobre as metáforas da poeira
Um raio de luz solar sobrevoa a escuridão
Assim sei dessa maneira
Onde paira a ilusão
Todos os anjos têm asas
Pintados de fresco desafiam o tempo
A pálida nitidez das cores
As almas são como as casas
As paredes abrigam o pensamento
As angelicais dores
O evocativo sentimento
Paira um certo sentido
Esvoaçam olhares
Flutuam visões
Um gerúndio vivo
Agita-se nos ares
No sentir das orações
Anjos e versos
Ou inversos
Das multidões
Restam as paredes a cair
As casas à beira-rio vazias
O multiplicado sentir
Debaixo dos pés as tábuas vivas
Das janelas sombrias
Foge a luz
Um sonho antigo
A memória das penas
Em ruínas uma história por contar
Lágrimas ou abrigo
O céu como olhar
O sossego ou o perigo
Pedras soltas desfiguradas
O impune castigo
Do senhorio tempo
Nas casas abandonadas
A claridade ofendida
Quase um lamento
As asas cortadas
Pelo vento
Da vida
...
musa

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