sexta-feira, 27 de maio de 2016

VARIAÇÕES DO MEDO


Todas as noites
Num útero seco maternal
Tenho uma mãe
A chorar nos meus olhos
Caudal de lágrimas sanguíneas 
A escorrer dos ventrículos cerebrais
Pérolas de sangue e um poema a ardejar
Sentimental
De inquietação
Dores dorsais
Da imaginação
E um frio medular
Um suor de liquor
Uma linfa de cetim
A cobrir a nudez dos versos sem fim
E um sorriso de silencio a latejar
Ruborizada palidez das palavras
Um medo embrulhado no peito
Da noite a querer estender se a meu lado
Na cama vazia do leito
Um olhar velado e pó
Gemem os ossos com o peso dos lençóis
Tange da noite escura a mó
Quase um travo de loucura a florir
E as mantas presas na pele do sentir
Lançam dos sonhos demoníacos anzóis
O sono agre e fel da ferida
Atemoriza em variações amedrontadas da estrofe das dores
Ja tive melhores dias
Há males menores pelo bem das flores
Agora agonizo na sombra sonolenta da vida
Resta me esperar
Quase de partida
As horas fugidias
Que não soube agarrar
...
musa

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