quinta-feira, 17 de março de 2016

DÚVIDA

DÚVIDA
Ouvia-te e pensava onde estaria
Quem me abandonou
Secretamente e em silêncio amadurava
A dúvida turfa de lágrimas interiores
Que ao respirar lançava névoa e afasia
Com as palavras a sentir as minhas dores
E ali
No limiar perfeito da terra e do mar
Jazia a insistente sensação
Que humedecida o olhar
E sabia a traição
Calada

E mesmo sendo a primeira vez
Ouvia-te falar sem te sentir
E cada palavra obedecia ao fogo gestual
Da contrariedade talvez
A obediência de mentir
A trama factual
Tão obediente
De mudez

Imperiosa vontade de escutar o mar
A um passo do areal
As vagas vestidas de bruma e palidez
Traziam na memória do tempo
Esse instante carnal
Do pensamento

Um sopro aliciante do vento
A dança encantada dos rios florindo
Pétalas sobre a montanha
E essa vontade estranha
Adentro ruindo
O penedo da magia

E acreditava que ali tinha vindo
Somente para disfarçar a agonia
Das visceras alimentadas de pranto
 E a trémula apatia com que acabava mentindo
Servia o gosto maritimo emudecido pela poesia
Que o olhar saboreava diante do teu encanto
Os olhos perdidos no horizonte
Talvez procurando
A maresia
...
musa

Sem comentários: