segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

POEMA A UM POETA AUSENTE

POEMA A UM POETA AUSENTE

No interior da velha mansarda
Ainda agora arrumei as tartarugas
A pálida tarde turva e parda
Reparei que os embaciavam as rugas
De uma bruma salgada e fria
Talvez sei lá a maresia
No olhar da intimidade
Que a tristeza esvazia
De saudade
As rugas da pele do rosto das mãos
Os olhos molhados de umas lágrimas maduras
Sulcos no corpo marcas de tantas loucuras
Em baixios de ímpios vãos
Nos olhos cansados de ignorar ver
Mágoas nas escadas a correr
Os óculos riscados de tantas aventuras
E o tempo alma na pressa se estremecer
A utopia das lembranças arrumadas em secretos desvãos
Esquecido que foi o dia que se fez esquecer
Porque o corpo as mãos e as desventuras
Tombaram como um denso nevoeiro
E o sangue esfriou a tinta no tinteiro
Deixou as últimas marcas de palavras
A marcar presença do poeta ausente
A essência infinita do que ele sente
Passas a porta inconsciente
O poeta não estará mais aqui
E todo ele inteiro profundo
As mágoas que já senti
Em agonia euforia
Como a maioria do mundo
Quando sente a poesia
...
musa

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