quarta-feira, 30 de setembro de 2015

UM FILHO NOS BRAÇOS

De volta a casa e um filho nos braços
E o tempo urdido de tantos cansaços
E a canseira da vida um beijo de desespero
Dessa maneira perdida em travo amargo severo

O destino queixoso no corpo marcado
A alma suja inocentada de descontentamento
O olhar choroso de lágrima azedada e vidrado
A boca cerrada num beijo sem sentimento

Um filho feito sem pensar e parido de desilusão
No imperativo do verbo amar inocente
De abraço temperado em loucura e compaixão

Olhares de revolta e gritos engolidos
Condenada e julgada no peito da gente
Com um filho nos braços feito de sentidos
...

musa

POEMA COM VAGINA

Fêmea selvagem
Indomável
Sedutora afável
Louca voragem
Abismal
És só pedaços de sentidos em momentos de palavras
Até seres sentidos inteiros em momentos de paixão
Intensa sedutora carnal
Deusa instigadora de sedução
Mulher de escrita sensual
Senhora da palavra oração
Poema prece em regaço de sentidos
Única intemporal
Profecia
Segredo da literatura e do tempo
Mescla de loucura e sentimento
Mulher poetisa
Poesia
Dama pitonisa
Pensamento
...

musa

LOUCURA

Loucura
A noite é folha caída
Loucura negra em renda e seda
A pele uma fera endoidecida
Sem açaime ou amarra que a prenda
Fúria feitiço desvario
Grades de prazer
Tormenta insana
Gozo fugidio
Negro estremecer
Vontade estranha
Teu desejo vadio
Liberdade e acção
Doce excitação
O corpo desnudado
Adereços de seduçao
Caminho ao pecado
Louca inspiração
...

musa

ÁRTEMIS

Na mão as galhadas
O cervo da aurora
Ao longe as manadas
Por ti a demora
Silêncio da caça
Grito da hora
Vil e devassa
Na clareira os cervídeos
Ruminam o vento
Teus olhos canídeos
Seguem pensamento
Sussurram chamamento
E eu vou
Atrevida inquieta atenta esquiva
Caçadora do teu corpo eu sou
Desassossegada faminta furtiva
Deslumbrada pelo cervo fugidio
Eterna do velho mundo
Bebendo sossego na margem do rio
Golpe de seta certeiro profundo
Interrompe a sede e o frio
Incita a correr
Percorre o um beijo de morte
Um fio de luz e dócil prazer
Um golpe de asa ou de sorte
Um sonho para viver ou morrer
Presa ou predador
Cervo do medo e da madrugada
Em correria esplendor
Na solidão da manada
Rompendo o amanhecer
De sangue e fluidos
De abraços de amor
Morre ao entardecer
Silencio torturador
Num beijo da boca caçadora
De excitação e sentidos
De desejo pela sedutora
Em ternos gemidos
De doido querer
...

musa

A FONTE

No princípio era lenda
Cristalina pura
Sentido
Visionário
Era nascente
Brecha fenda
Rocha dura
Fontanário
Água quente
Água falante
Água silente
Inspiradora
Sagrada
Mina de Delfos divina
Provocadora
Mistificada
Alucinada
Flor da neblina
Húmida cor
O sentir ilumina
Num acto de amor
...

musa

FOGO-FÁTUO

A vida esvai-se em combustão
Já morta decomposta de matéria
Sibila o medo ladainha em oração
A invisibilidade do corpo bactéria

Incendeia o ar o sopro azulado
Respira a podridão e a miséria
O leito de vento luz sepultado
No corte aceso fogo da artéria

Chama a morte a última morada suspirando
As líquidas cinzas do fogo-fátuo carnal
Eleva-se da vida doce sentido sublimando

A héstia das cinzas as últimas do tempo
No chão varrido a pedra quente visceral
Derrama a prece do pranto ao vento
...

musa

LUA VERMELHA

LUA VERMELHA
Prometi contar ao poeta
Como a vi por entre suspiros
Lá longe furtiva secreta
Lua vermelha de delírios

Espelho acobreado do sol distante
Tão grande majestosa imponente
Faz lembrar um valioso diamante
De reflexo prateado de luz quente

Por instantes, vestida de um luto profundo
Assim tingida de negra cor aveludada
Viúva cobiçada dos olhares de todo mundo

Quantos versos já não lhe fizeram por ai
Cantando a em toda à parte musa amada
Por ela me enfeiticei e de inspiração a senti
...

musa

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

NÃO QUERO

É pesado o teu silêncio e frio
O teu abraço laço sem aperto
O teu olhar gélido e sombrio
Da boca o beijo demorado incerto

As tuas mãos asas em liberdade
Negação dos voos presos aos teus dedos
Os afagos que não chegam para matar a saudade
Nem decifrar dúvidas ou acalentar medos

E todo o teu corpo de enregelado e distante
Apenas um chão húmido de não querer
A pele dos sentidos a frieza de amante

Nem calor se sente ou carinho a cumprir
Dos gestos provocantes de intenso prazer
Não quero mais ter-te assim sem te sentir
...

musa

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

OUTONO

OUTONO
Chegou morno o vento enlace do instante
A brisa amarelada tombando pelo chão
A nostalgia da chuva o cheiro a terra fulgurante
Bramindo das arvores o sussurro em despedida do Verão

As cores do ocre alaranjado ao vermelho eterno
Dos pardos entardeceres de luz e sombreados
A dar guarida ao tempo que se anuncia doce inverno
Em tons de fogo e ouro em brilhantes desmaiados

Imortalizados em folhas mescla de sanguinidade e açafrão
No vidro prisioneiras de húmida luminosidade
É talvez a pureza em casto esplendor da ilusão

Veste se o tempo de cores de sol outonais
Acastanhados vivos nuances da frialdade
Caídas as folhas soltas como gotas aluviais
...

musa

LA SOLITUDE - La solitude Léo ferré


LA SOLITUDE
Pode o desespero chamar se felicidade
A consciência do horrendo um sentir belo
Pode a angustia bater no peito em melodia
A engrenagem da vida ensanguentada a escorrer
Pode assim haver tamanha cumplicidade
Sentido estranho e singelo
Magica e ousada alquimia
Essa viagem missiva
Entre viver e morrer
Há a essência viva
Da dor a florescer
La solitude
...

musa

A NOITE É DE ADEUS

A NOITE É DE ADEUS

Anoiteceu neste afável sentir
Tão negro e frio de saudade envolvida
Aconteceu deixar te partir
No choro impenetrável da vida
Afundou-me o teu silencio adormecido
E ninguém veio resgatar-me
Recuso as lágrimas no olhar triste
Inconsolável e ofendido
E de pranto afundar-me
Na noite que é de adeus e de partida
E fere esta ausência que de tristeza insiste
Semear de pranto a doce escuridão
Chorar o desencanto a desilusão
E por dentro já te dizer adeus
O desalento ferido
Sufocante gemido
Descontentamento consentido
Não estás nem nunca estarás
É essa a verdade e o sentido
Da noite em solidão nos olhos meus
Um minuto esgotado vencido
Na estranha hora de dizer adeus
...

musa

ENTARDECER DA VIDA

ENTARDECER DA VIDA

"Não se pode impedir um entardecer de acontecer"

Entardecer nas nossas bocas
Arrefeceu o olhar da pele das palavras
Há nos versos embevecer
Que parece florescer de verbos imperativos
Roseiral de madrugadas frias
O tempo nos teus olhos adormecido
Não há palavras por dizer
A breve distancia do sentir
As linhas da vida sombrias
Raízes de saudade e prazer
Faz se tarde para me despedir
Com as mãos cheias ou vazias
Deste amor tão tardio
Nos olhos cansados e tristes
E o silencio por um fio
A prender esta solidão a que resistes
Na espera de mais um entardecer
Porque é tão bom esperar-te para viver
...

musa

PEDIR-TE

PEDIR-TE

"Um dia,
Vou mergulhar no teu fogo,
Diluir-me em ti, misturar-me nos teus átomos...
E emergir depois nos teus olhos...
Quero-te...
...Lindo... Como tudo o que tocas com as tuas palavras...
A."

São doces os dias a esperar-te
Dádiva do universo que conspira
Momento de loucura e poesia
Química e cumplicidade amar-te
Com esse odor que se respira
Bruma de sonho e alquimia
Esperando num beijo conquistar-te
E num terno abraço fazer-te o pedido
Desatar o laço apertado do sentido
Em profundidade dos teus olhos entardecer
A luz que esmorece de fogo vivo
E o fundo do teu olhar parece dizer
Hoje só hoje... fica comigo
...
musa

terça-feira, 22 de setembro de 2015

PARIS E AZNAVOUR - Charles Aznavour - Paris au mois d'aout


Charles Aznavour - Paris au mois d'aout

PARIS E AZNAVOUR

La bohème cidade do amor
She tem um jeito que seduz
De encanto e doce esplendor
Mourrir d'aimer no teu olhar
Que tanto apaixona e seduz
E a voz parece chorar

Melodia suave que c'est triste Venice
Humedece e faz os olhos brilhar
Et portant nada do que já disse
Sur ma vie tantas canções de embalar

Paris au mois d'août no embalo do rio
Traz memórias de paixões inesquecíveis
Non je n'ai rien oublié desse tempo sombrio
Imagens de sonhos reais invisíveis

Nous nous reverrons un jour ou l'autre desejo de vida
Dizes tu À ma fille cidade que guardo no peito
Tu t'laisser aller na chegada e na partida

Voltarei sempre Paris minha inspiração
Nas canções de Aznavour o beijo perfeito
Da boca do Sena as pontes de sedução
...

musa

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

SEGREDO INVENTADO

SEGREDO INVENTADO

Não consigo mais inventar-te de palavras
De todas as que falam de desejo
Das fúrias tempestades e do mistério
Do intimo que se abre num só beijo
Do todo entre pernas esse império
O mundo a imensidão dessa vontade
A doce excitação da intimidade
Da boca à tua mão o hemisfério
O corpo despido de sensualidade
No teu olhar meiga timidez
E silencio a luz e penumbra da nudez
A ilusão da felicidade
Nos teus olhos tão sério
De volúpia e paixao
De torpor sedução
De amor loucura
A invenção da ternura
Na tua pele de mim
Segredo sem fim
...

musa

DEIXA-TE ESTAR

DEIXA-TE ESTAR

Não importa o tempo que fiques na minha vida
Deixa-te estar
Verso surpreendendo o meu poema
Uma porta aberta ao meu olhar
Sobre coisa nenhuma
Sonoridade essa do fonema
Que parece vibrar
A indecisão
Só uma
Abre os sons e fica a escutar
Entre barreiras a proximidade
Teu corpo e alma eu possa amar
Com paixao e alguma intimidade
Essa de te deixares estar por ai
Bem por perto do meu intimo ser
Amornando em mim a frialdade
Ausente sentir do que não vivi
Estranho desentendimento de prazer
Vazio que me ofusca límpida lucidez
Da estrofe a ilusão da poesia a nudez
Este emudecimento a endoidecer
O deslumbramento do silencio talvez
Deixa-te estar enquanto eu viver
Deixa-te estar enquanto eu não morrer
...

musa

INVENTA-ME O SENTIR

INVENTA-ME O SENTIR

Não é imperfeito amor sentimento afecto
A explosão de sentir do peito em profundidade
Não é paixão ou contentamento desperto
Ou um sentido misterioso secreto
Arrebatamento êxtase de intimidade
A escutar-me o coração o silencio loucura
A pele do sentir assim inventada
Invade-me excitação atordoada
Um tic tac de afável ternura
Inventado sentir
Fez-me existir
...

musa

BLUE BIRD

https://www.facebook.com/Aguarelas-Jo%C3%A3o-Brum-274741562634635/timeline/

De que cor são as aves que voam os teus sentidos
Pássaros feridos de tanto esvoaçar
Asas e bicos ofendidos em voos perdidos do céu ao mar
De que cor são as aves que soam gritos e gemidos
Penas e sonhos que peito algum possa guardar
Voo imperfeito de azul a cor
Do negro de que é a dor
Asas por imaginar
Ver voar

Aves azuis e de outras cores
Em voos picados ou de ousadia
A terra toda e todas as outras dores
Que alimentam asas da poesia

É pelos teus olhos azuis de que se fazem poemas
A tinta azul da palavra por escrever
O medo que se ousa ter
A pele do verso com asas serenas
Em esvoaçante serenidade
Azulada esperança a da intimidade
A mesma negra nódoa por sentir
O embate e o deslumbramento
O descanso e o contentamento
O remanso querer chegar e partir
Assim é o azul do pensamento
Que voa todo existir
...
musa

http://luismateusleal.wix.com/luislealbluebirds