sexta-feira, 31 de julho de 2015

LUA AZUL

LUA AZUL
Há uma lua azul
Pelos tempos inventada
De lágrimas que eu pude chorar
De cloretos de sais
E outros metais
Em azulado brilho a cintilar
Ofuscando as estrelas da escuridão
De um pranto de solidão
E sentimentos trancendentais
Com sal de desilusão
Um húmido sentir
Do olhar a fugir
Em azul cor

A noite na bainha dos olhos o esplendor
Dessa lua azul a refulgir
Num deslumbrante firmamento
E nos meus olhos azuis humedecidos
Todos os mais tristes sentidos
Em tonalidade sentimento
A cor do pensamento
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musa

sexta-feira, 24 de julho de 2015

RAÍZES E PÓ

Semeia os olhos a aragem humedecida
Escuro chão latejante
Rochedos sombreando a paisagem
Perdida
A terra distante
Segredos e as raízes pendendo
Trevas adormecendo a vida
A neblina cortante
Tempo a florir
Descendo
Enraizados sonhos são como o vento
As pedras e a terra onde eu nasci
Afloram as memórias do que senti
Inebria me a doçura do tempo
As raízes que nunca esqueci
Chão preso ao sentimento
De tudo o que já perdi
Perdura o esquecimento
A loucura do pensamento
Onde eu vivi
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musa



quarta-feira, 22 de julho de 2015

SERENIDADE


Ensina me a serenidade das coisas
O vão singelo nome dos sentidos
Chama me de azul em fogo lento
Para lá dos ventos perdidos
Sopra me ao ouvido o tempo
Da ventania em prosa ou poema
Faz a poesia em azulado sentir
A brisa que um dia há de partir
Tão leve e solta silente serena
E ao redor da minha leve pele
O eco murmúrio grite gema
A raiva a desilusão o ódio o fel
A serenidade dos dias em mim
O azul grito para lá do fim
Sem de mim ter pena
O silêncio luz soprado
O fogo apagado
Dá me o nome dos sentimentos
A serena dor sentimental
De sensações a arder
E morrerei de prazer
Humana carnal
Em pensamentos
Desse viver
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musa


segunda-feira, 6 de julho de 2015

AS PEDRAS NÃO FALAM

Não me dêem gloria
Não me dêem feitos
Guardem-me na memoria
Entre os eleitos
E no vosso coracao tambem
Fui filho amado da minha mãe
E deste país alem
Sim fui um país uma ilha
De casas caiadas de branco
De dadiva de união de partilha
De sorrisos de abraços de pranto
De deuses imaginados e de homens sem idade
De chão lavrado mar azul e oliveiras
De ideias oprimidas forçadas prisioneiras
De sonhos de promessas de cânticos e liberdade
E olhos perdendo a vivacidade
E no corpo ilhéu de desumanidade
A morte rodando de tantas maneiras
Nas pedras rolando cabeças da antiguidade
E o silencio oprimido dos que calam
A grega prece do sangue e da lealdade
Porque as pedras essas também falam
Do tempo dos ideais e da verdade
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musa

domingo, 5 de julho de 2015

AMIZADE AO LUAR

Gosto da lua cheia que emolduraste brumal tímido do teu olhar
Na tela escura dos teus olhos a segurar a ponte para eu passar
E o friso de luz pingente sobre a serrania negra e sombreada
Davam um beijo complacente na alvura distante da meiga madrugada
Salpicava a claridade sobre a paisagem por pintar
Sim havia a ponte os teus olhos e a minha boca por beijar
E um segredo escondido no abraço doce do luar
A murmurar ao ouvido que a vida sem amigos é quase nada
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musa

sexta-feira, 3 de julho de 2015

NO TEU ABRAÇO AINDA NOITE

NO TEU ABRAÇO AINDA NOITE
A rua deserta abraços abertos
Os teus olhos estendidos
Os passos de silêncios incertos
Os teus beijos escondidos
Da noite por abraçar
De sonhos secretos
E ninguém consegue imaginar
O que escondemos nos sentidos
Da rua tão só de gente
De gritos e gemidos
Do que se sente
Na escuridão
Da vida
E os dois atravessamos o tempo
Em pontes de meiga cumplicidade
Beijamos o olhar e o pensamento
Estreitamos nos braços o sentimento
Sem que contemos a verdade
Há entre nós esse sentir
Algo intenso intimidade
Profundo até na eternidade
Além da morte existir
A noite possa ser
No teu abraço ainda noite
Em carnal desmedido prazer
Todos os dias que já te tive
Imenso universal sem fim
Esse amor maior que ainda vive
Dentro de mim
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musa

quarta-feira, 1 de julho de 2015

AS TUAS LÁGRIMAS SÃO DE OURO MULHER

A dor é um filão por descobrir
No apertado peito do olhar em desolação
Transborda sentimental imperfeição esplendor sentir
Da angustia pranto em desassossegado florir
Tal é o sentimento em expiação
Do rosto carregado e triste
Da dor que eximia insiste
Nos olhos a bramir
O choro lento

Pálida extenuada a face em desumana agonia
Mortalha em abraço de lágrimas a cair
Nos lábios arroxeados da boca silenciada e fria
Tanta angustia desflorada a consentir
Somente raiva e amargura
Num encarcerado sorrir
A carne macilenta da loucura
A aflição desgosto ansiedade
Um ramo de lágrimas de húmida doçura
Em tão amarga saudade

No olhar escondido um tesouro por desenterrar
O pano descaído da vida por descerrar
Os sonhos tantos por sonhar
A triste felicidade
Uma lágrima dourada
E adentro de ti
Já quase nada
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musa