sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A CASA EM MIM

No quarto onde nasci
As rosas vermelhas trepavam à janela
Fundiam aromas de aveludado odor
Da casa em mim
Cresciam outras brancas pequeninas ao lado do patim
Tombavam na pedra fria pétalas de amor
Havia rosas rubras rosas de marfim na casa amarela
Ainda agora esse perfume senti
Como se houvesse na alma um jardim
E no olhar perdurasse a mais bela aguarela
Que eu da memória nunca perdi
Perfumando de saudade a minha vida até ao fim
Um rasto de cheiros a lilás e rosmaninho
Que eu do sentir nunca esqueci
Nuances tonalidades mesclas carmim
O brilho cintilante do aconchego desse ninho
A infância em ternura do lar
Por entre o roseiral a trepar
A hera cobrindo a casa num abraço
Já só resta dentro de mim
Fica humedecendo o olhar
Brilhante trêmulo enevoado baço
Sentido inteiro profundo sem fim
Até que o tempo o deixe ficar
No meu regaço assim
Como uma lembrança
Da minha doce infância
Da casa onde fui criança
Do berço onde nasci
Do chão onde cresci
...

musa

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