segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

MANHÃ DE NÉVOA

E aqui na ombreira névoa da manhã húmida e fria
Remanso os olhos aguados
Na soleira das ondas perfumando maresia
Sento a alma em regaços salgados
E o corpo em profundo descanso
O olhar leve e manso
Dos abraços apertados
A este intenso lugar
De amanheceres enevoados
Como lágrimas a brilhar
Entre risos maravilhados
Por tão belo despertar

Há névoa nos meus olhos marejados
Um nevoeiro de angústia e pranto
Por tantos sonhos sufocados
O silêncio inteiro do desencanto
Na praia dos meus dias naufragados
Onde a luz do sentir esmorece

E o sol resplandece
Em brilhos de prata e luz
Na água mansa desfalece
O raio de sol na contraluz
A água em trilhos de sal a dourar
A manhã de neblina fria
Que a brisa quente começa a dissipar
O mar que em terra se faz dia
Surpreendente dourado amanhecido
No olhar enternecido
Escreve se poesia
...
musa
— em Praia De Brito, São Félix da Marinha.

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