segunda-feira, 3 de novembro de 2014

GRITO

O vento solta espartilho
Agita-se se enreda enleia-se
A tarde esmaecida de luz incendeia-se
Na escuridão sentida da chuva vem o rastilho
Há um grito abafado de um trovão por cumprir
Um uivo resgatado do raio a cair
Elegia da tempestade
A tarde que arde
O fogo molhado

Para além do horizonte o céu acinzentado
Escurece a luz esfriada na humidade parda
A chuva ripada faiscando ruge em oração
A procissão da porcela rasgando os céus
A ventania aproxima-se e não tarda
A mão pesada do poder de Deus
Quanto do tempo é solidão
E desassossego sentir

Não há lugar a fingir
No império do temporal
As lágrimas por esgrimir
Na partilha do bem e do mal
No pranto da salvação
As dúvidas do imoral
A perturbar a razão
...

musa

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