domingo, 2 de novembro de 2014

DIA DE FINADOS

A caravana dos anjos passa
No sangue aceso dos delírios
Onde nem eu me sinta escrava
Das mortas horas e martírios
Da caminhada triste e brava

Círios acesos e flores viçosas
E o branco mármore tão lavado
Aos pés do Cristo lindas rosas
À cabeceira do túmulo crucificado

Murmura voz do pranto na mistura
A terra toda em tumbas e jazigos
Acesas as velas ardem a loucura
Das preces atenuando os castigos

Em gavetão ou ultima morada
Os sete palmos que alma há de ter
Do corpo a vida assim retirada
Quando no último suspiro morrer

A cera em doces pingos sobre a lage fria
Lágrimas como pétalas já caídas
Bruxuleia a tarde triste e sombria
A pedra e o pó sobre a campa rasa
As preces em salvação de tantas vidas
Silêncio que do grito verte vaza
A podridão das dores e das feridas

Os sinos dobram em dia de finados
Nas horas mortas e perdidas
Lembram faltas e pecados

A caravana dos anjos em procissão
Há tristezas vivas e sentidas
No ar o vento leva a oração
...
musa

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