terça-feira, 29 de abril de 2014

PINTORA - Parabéns FÁTIMA FERREIRA -

PINTORA

Sonhas telas de ouro e luz e poesia
nos pinceis humedecidos nas tintas
dando cor e vida à alma com magia
são segredos revelados o que pintas

não há corpo nas formas desenhadas
em riscos de silêncio e sentimento
as cores assim deixadas pinceladas
desnudam-te o ser e o pensamento

traços sentidos partilha quase loucura
que o risco a cor a tela deixam transparecer
tanto movimento a que se entrega a ternura

Pintora dos acordes da vida pauta melodia
onde a musica dos pinceis entoa colorido ser
em azul sentir das tuas mãos a poesia

musa

ESPERA

ESPERA

O Chão é a cama

O Chão é a cama para o amor urgente,
O amor não espera ir para a cama.
Sobre o tapete no duro piso,
a gente compõe de corpo a corpo a última trama.
E para repousar do amor, vamos para a cama!
Carlos Drumond Andrade”

Espero o teu ser
já sem promessas nem lamentos
na teia urdida de tormentos
já sem sofrer
tenho na carne as dores confessas
da hora sentida sem querer

dos dias de espera e desalento
das horas que em mim atravessas
em passo de angustia lento
e de tristeza às avessas
vejo passar o tempo
nos dias a correr

e dou voltas na cama sem o teu corpo
amarrotado nos lençóis sorvo o teu odor
há sois acesos e ainda o latir do vento
em resquicios de caricias de um olhar torpo
na urgencia da teia em contratempo
a trama do sentir urde o sentimento
e voo em revoada o pensamento
de todo o sentir morto

deitada no chão humedecida arena
lago de lágrimas é amor cumprido
água de mágoas dor do poema
onde o amor urgente faz sentido

musa

segunda-feira, 28 de abril de 2014

EU SEI...

... eu sei...
quando eles partem
e se juntam do outro lado
e formam barreira de luz
da clareira invadem
o corpo cansado
que alma seduz
de pura melancolia
que tristeza induz
a esta magia

... eu sei...
quando os sinto em mim
o sangue agitado
as veias empedernidas
os olhos carmim
o rosto fechado
às sombras das vidas
que chegaram ao fim
e caminham na luz
seguem o sentido
a pele que reluz
trémulo latido
que do ser se agita
e por dentro grita
a sombra a rir
o choro triste
a luz insiste
partir

... eu sei...
quando é chegado esse momento
a luz desprendida
deslaça o ser e o sentimento
sombreia o pensamento
despede-se da vida
e parte
deixando essa arte
de luz e sombra
doido fingir
que tristeza esconda
tão sentido existir
...

musa

domingo, 27 de abril de 2014

ALVOR DO SER

ALVOR DO SER

dócil serena a madrugada deixa-se ser
velada ténue claridade da sombra alvor
e dessa serenidade timida transparecer
sublimada alvorada transfigurado amor

vem da escuridão manchar luz alvorecer
réstia translúcida da noite em pedaços
partículas estrelas cumprindo florescer
no firmamento amor despertados laços

alvor do ser do sentimento e do sentido
ao além que os olhos da alma vão alcançar
madrugadas em pensamento não cumprido

sei que um dia breve perderei essa alvorada
pois deixando orfãs as palavras do meu olhar
resta-me o ser um pouco de tudo e quase nada
musa



RIP a VASCO GRAÇA MOURA - GRAÇA DO SER

soneto do amor e da morte

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

***

GRAÇA DO SER

Fizeste de abril o teu setembro
No silêncio pardacento do luar
Trazendo a saudade que ainda lembro 
Dos ecos aos ventos por gritar

Murmuravas a luz dos altos aciprestes
Nas sombras desenhadas de sossego
Foram tantas as palavras que me deste
Ficaram desabridas em segredo

Na graça do teu ser as palavras de amor a florescer
Sussurram chilreios desta primavera tardia
E sonham silêncios outonais por acontecer

Sabes amor dos poemas que não escrevi
Das estações que deixei em poesia
Dos versos que ao ler te o teu ser senti
...
musa

sábado, 26 de abril de 2014

MEMÓRIAS LIQUIDAS

MEMÓRIAS LIQUIDAS

Suavizam lembranças do rio a correr
além da saudade dos dias do passado
perto um Tuela rio que me viu nascer
memórias raízes num destino marcado

açude de espumas em águas doçura
das fragas lavadas lisas sentimentais
saltitam as águas a selvagem loucura
dos gélidos frios em gumes de punhais

És rio da aldeia ao longe guardiã
Com a Ponte da Pedra a ti abraçada
a névoa cobrindo-te pela manhã

As mulheres aldeãs nas tuas águas
deixam sonhos desde a alvorada
contam-te segredos e as suas mágoas
musa


EMPÓRIO BUCÓLICO

EMPÓRIO BUCÓLICO

Espreitam a praça as casas esvaecidas
das cores da cal da pedra esverdeada
do granito duro que guarda as vidas
do cruzeiro altar da berroa inanimada

simbólica sentinela perdida do tempo
as casas da praça do terreiro de fogo
a fogueira acesa ilumina pensamento
na vida cumprem se as regras do jogo

Voltei a uma infância onde fui nascer
outra vez menina nos abraços da avó
a aldeia onde não tive tempo de viver

Sabes D. Chama do teu chão de raiz
onde o meu sentir poderá ser do pó
quando for desejo da vida partir feliz

musa

TELHADOS DA TORRE

TELHADOS DA TORRE

D. Chama da torre vergada
para espreitar seus outeiros
campos de terra amanhada
do casario aos pinheiros

moura não se sabe se cristã
do alto da torre embelezada
espreita à janela pela manhã
ao longe aldeia já despertada

simplicidade senhora donzela
lendária lírica fogosa afamada
sem ir mais além da sua janela
da torre cativa flor encarcerada

do vento os telhados campestres
telhas vermelhas da aldeia torre
guarda segredos flores silvestres
que nem ao tempo se finda ou morre

Torre de D. Chama telhado meu berço
ainda das andorinhas ternos beirais
e das memórias palavras do verso
poemas que eu não esqueço jamais
musa


CRUZEIRO SANTO

CRUZEIRO SANTO

Chão sagrado na crença das caminhadas
Há uma cruz obreira da fé e da oração
Aliviando das dores das perdas choradas
O corpo e a alma no caminho da solidão

Senhor dos Aflitos altar livre campestre
Romeiros caminhantes peregrinos protegidos
Por estradas caminhos montes altar agreste
Recebendo as preces dos mais ternos sentidos

Cruzeiro santo entre a terra e o rio sagrado
Onde a luz do sol é círio aceso de proteção
Iluminando a vida de um pranto desesperado

Senhor Deus compartilhando passos perdoados
A cruz defendendo as culpas do caminho estação
Via sacra das endoenças em dias consagrados

musa

SACRAMENTALIDADE

SACRAMENTALIDADE

Templo tempo sacramentalidade
de que foi a prece o ensinamento
o altar dourada talha tempo idade
na vida permanece oração templo

na nave erguida guerreira santa
abobada de leves frescos pintados
a emoção levita e olhares espanta
no templo tempo resguardados

Bela igreja de Torre D. Chama
sacramento jurado nascimento
chão de sangue em mim clama
raízes presas pelo sentimento

musa

sexta-feira, 25 de abril de 2014

40 ANOS DE ABRIL EM PORTUGAL

Para ti PORTUGAL 

40 ANOS DE ABRIL EM PORTUGAL

Amanhecido meu país de rubra cor

Quatro décadas semeando a liberdade
E por entre os sulcos da saudade
Há cravos tingidos de silêncio e dor

As armas caladas rasgam o tempo e a memória
As flores cortadas espalham pedaços da história
Mal contadas tantas vidas de tudo ausentes
Quando há liberdades amordaçadas e indiferentes

Talvez desse incumprido Portugal
Na prece murmurada dos poetas
No altar um cravo sepulcral

Se acenda rubra chama de livre arder
O fogo das fogueiras assim despertas
E a liberdade enfim possa acontecer
...
musa

quinta-feira, 24 de abril de 2014

AGUADA NUDEZ

AGUADA NUDEZ

"bebe-me
nada-me
demoradamente
num profundo lago
que por mim
será tua semente..." Renato Paulino

vi-te morrer os olhos nascedouro de saudades
sabias tu que esperar a morte era nascer
nascente morta renascendo das verdades
que ao parto trazem as vontades de aí morrer

vi de olhos fechados a abertura entreaberta
a fonte húmida desassossego em leito portal
essa fome seca do atrevimento estio sepulcral
escancarada a alma da pele saudosa desperta

vi-te onde os rios correm nas margens desiludidas
o olhar morre na vivência dos desencantos perdidos
e renascem as lágrimas das saudades assim sentidas

vi de olhos fechados taciturno desalento na morbidez
da visão mais secreta em despertado encanto dos sentidos
o olhar mostrando ao mundo profano morredouro nudez

musa

quarta-feira, 16 de abril de 2014

SERENIDADE

SERENIDADE

O sonho da tua pele
Adamada de alvura
O teu gosto a mel
O cheiro da loucura
A derramar desejo
No ventre horizonte
A ser um beijo
Da tua boca a fonte

A começar no umbigo
E a tua língua a descer
Provocando o castigo
Em desmesurado prazer
Da vontade o abrigo
Do amor que fazes comigo
Do tanto que fazes estremecer
Sonhada excitação
Adormecida sedução
No sonho a derreter
Loucos sentidos
Doce emoção

E vens nesses jardins proibidos
Humedecer de orvalho manhãs de amor
Na escuridão de jardins perdidos
Pela tua mão provocas calor
E fazes sentir
Serenidade
Saciedade
Sensualidade

E na noite o sonho é lírio é jarro é rosa é flor
É gozo despudor
Desta nossa intimidade
...
musa

http://musarenascentista.blogspot.com/

LUA DE SANGUE - Eclipse total da Lua em 15 de abril de 2014


LUA DE SANGUE

Sangue no olhar vertido
Círculo de fogo lunar
Breu de luz tingido
Rubra visão crepuscular

Lua longínqua distante
Para além da escuridão
Menstrua clareante
Céu negridão

Gigante vermelha
Deusa mulher luz
No firmamento centelha
Brio olhar seduz

Tanto deslumbramento
Com gosto de doce romã
Quebra rúbido encantamento
Ao olhá-la pela manhã

Mas é na noite que sangra cor
Do seu branco imaculado
Virgem sagrada do amor
Tingida de sangue derramado

Quase rainha no universo
Do poeta lua amada
Dedica lhe loucura verso
Em poesia declamada

Lua desassossegadora
A noite inteira mal dormida
Lá nas alturas dominadora
Dentro do peito sentida
...
musa

terça-feira, 15 de abril de 2014

INFINITO SENTIR

INFINITO SENTIR

Sorrio feliz,
Por estas primaveras que me mostras,
E que, cego, não vejo senão quando as desenhas em palavras...
E fico assim, sem jeito, olhando o infinito horizonte,
Desenhado pelas tuas mãos abertas...
Tão grande a generosidade
Que os meus olhos brilham,
Água da nascente das emoções,
Que estupidamente consigo esconder...


Beijo-te... Feliz...

Antonio

Cumpre-se o canto da terra
e fico assim... sorrindo
o olhar estendido do alto do planalto
a alma inteira cobrindo toda a serra
o corpo todo sentindo
o sentir lá no alto
retorno felicidade
feliz saudade
vem de ti

debruço-me sobre as lágrimas sentidas
escondo-as na palma da mão
tenho as saudades escondidas
num punhado de sorrisos
num abraço emoção
risos desprendidos
na loucura ilusão

infinito instante do sentir
haverá fontes jorrando alegria
haverá águas a florir
haverá uma primavera a cada dia
que de palavras versos eu possa existir
e na minha mão aberta
esta existência secreta
que eterna faz consentir
o beijo ainda incumprido
em demorado sentido
no infinito horizonte
água de toda a fonte
que de pranto poesia
o olhar brilhando
fico esperando
essa magia
musa

RAMO FLOR

RAMO FLOR

Fui aos madrigais de um passado já distante
Resgatar ramo florido de lembranças adormecidas
Madrinha de uma saudade perfumada inebriante
São as rosas da infância flor ainda não esquecidas

Grinaldas estrelas alvas de sonho desabrochadas
Por entre lilases oliveira e rosmaninho
Odores recordações de memórias santificadas
Perpetuam sentidos a marcar doce destino

Pela mão do passado trilho caminho ilusão
Trago cheiros gostos visões de saudade
Dentro do peito desabrocha em flor ramo solidão

Estação florida de cores perfumes luz paisagem
Guardo no coração infância eternidade
Vou ao passado em demorada viagem
...
musa



HÁ UMA ANDORINHA NO CÉU DA TUA BOCA

.HÁ UMA ANDORINHA NO CÉU DA TUA BOCA

Só agora, ao ler o teu poema, reparei que chegou a primavera...

Ou foi só agora mesmo que chegou... Sei lá...

Ainda não tinha, talvez, visto o voo das andorinhas...

Beijo-te...

Antonio

Um céu de azul embevecendo teu olhar
Não sei se foi o mar que se fez praia em ti
Ou em terra gaivotas a esvoaçar
Trazendo a saudade que adentro adormeci
E nas asas das andorinhas docilmente naufragar

Olha lá longe há bandos chegando
Tingindo de negro bordadura dos beirais
Talvez ainda seja cedo esta loucura dos pardais
Os céus dos nossos olhos esvoaçando

Trago nas mãos a tua Primavera
Risos de aves e abraços de asas a esvoaçar
No coração azul chave quimera
Trago nos lábios gosto de mares e montanhas por desbravar
Há uma andorinha no céu da tua boca
Esta vontade estranha e louca
De num abraço te beijar

Sim como eu queria ser a tua andorinha
Negridão em flor sorriso do teu sentir
Como eu queria uma Primavera só minha
Em ti chegar sem nunca ter de partir
...
musa

sábado, 12 de abril de 2014

DESILUDIDA

DESILUDIDA

Prometeste vir
Disseste vais ter
Ousaste incumprir
Meu desejo de prazer

Meu sentir serenidade
Sete mares de ilusão
Em vagas de saudade
Naufrágio da tua mão
Deixado acontecer

No mar da desilusão
Há uma onda em praia perdida
No areal de intempérie solidão
A maré assim sentida
Desfaz se espuma brancura
Uma a uma chega a loucura
Em choro convulsão
No amor perdura
Sofreguidão

No azul do céu escrevo desistir
De te guardar dentro de mim
Não faz mais sentido consentir
Ter te tão adentro sem fim
Neste sentir existir
Louco assim

No olhar o pranto de desiludida
A moer por dentro tristemente
Adormeço a noite sentida
Poesia dor confidente
...
musa

PERFUMADA

PERFUMADA

Cheira a rosas a talco e a manhã orvalhada
Cheira a lume aceso a pão torrado
Cheira a cama quente a janela embaciada
Cheira a ciúme preso no olhar molhado

De lágrimas perfumada
O corpo ainda morno cheira a frescura
Da espera a noite inteira até a alvorada
Trazer num aperto do peito essa loucura
De ser perfume de mulher mal amada
Onde perfumada tristeza e ternura
A alma inteira exala nobre odor
Do pranto o amor
Cheiros de lágrimas
Sais de mágoas
Tudo perdura

Há na pele perfume de entranhada solidão
A casa inteira transpira inquietude
Perfumado corpo desilusão
A alma fere de doce solitude
Amertume não e palavra fingida
Nem odor perdido da vida
Apenas do ser e sentir solicitude
Que por vezes se finge esquecida
No perfume da vida perdida
Em odorada virtude
...
musa

ABANDONO - Andréa Daltro - Abandono - de Chico Buarque


ABANDONO

Que dor este abandono
Apetece de tudo desistir
Não há no desejo retorno
Desfalece em mim sentir

Desisto deste desalento
Que é em mim só fruição
Este abandono lamento
Ter na alma essa solidão

Queima o peito de tristeza
Tolda olhar húmido pranto
Há na solidão doce clareza
Cobre loucura negro manto

Abandonada perdida assim
Sozinha errante no mundo
Será sentir já perto o fim
Distante o amor profundo
...
musa

sexta-feira, 11 de abril de 2014

BEIJO PRIMAVERIL

BEIJO PRIMAVERIL

Agora que o Primavera parece querer aparecer, aproveita o sol... 
Deixa que ele te beije, por mim...

Vem...

que sejas Primavera que eu possa abraçar
um rosto onde o beijo aqueça de saudade
uns lábios floridos que eu possa beijar
sol enternecido na tua boca sensualidade

há prados verdejantes cobertos de flores
ribeiros cheios de orvalhos cintilantes
borboletas e abelhas rodopiando odores
em jardim de olhares feitos amantes

vem com asas de algodão em dança colorida
agora que a Primavera chegou pelo teu sentir
traz perfume e cor a esta saudosa e doce vida

vem com teu beijo primaveril na boca florida
alegrar paisagens de intenso e profundo existir
num tempo sem tempo ser somente despedida
musa



ALUCINAÇÃO

ALUCINAÇÃO

Fustiga me a luz solta pavio alucinado
Cinza cor em neblina ocre metalizada
Bico de Buzen ardendo iluminado
A chama acesa da flor luz prateada 

Centelha florescente no limiar vórtex
Fossem as palavras transparentes
Ou de metal ou de vidro ou de sílex
Matérias húmidas incandescentes

Desabotoo a luz alucinação brilho
No trilho rasto colorido caminho
Despe se claridade espartilho

Alucinado sentir olhar confunde
As luzes do meu fogo destino
Nudez tímida que corpo inunde
Lume trágico do meu desatino

Que fogo liberado alucina sentir
Por mais que abrande o seu caminho
Há sempre vontade de dele desistir

musa

SOLIDÃO AZUL

SOLIDÃO AZUL

Procuro a poeira das estrelas à flor do sal
das lágrimas das marés adormecidas
na dor embrulhada de tristeza
em manto de negrura e frialdade
no sossego das ondas entristecidas
embalo um abraço de saudade

Não sei se há na solidão beleza
Aconchego num abraço de névoa carnal
Um olhar estendido em lonjura e singeleza
Onde o mar possa ser leito sepulcral
De toda a promessa de incerteza
Entranhada no meu peito de choro e sal
Azul espanto de doçura e clareza

A tristeza é essa semelhança com a dor
feita de uma solidão embainhada na negrura
da manhã em alvorada de lágrimas sem cor
de uma névoa que nos envolve de loucura
em capa negra de adormecido amor
e que junto ao mar uma lágrima procura
ser do olhar réstia de sal em flor

musa

quarta-feira, 9 de abril de 2014

NÉVOAS MATINAIS

Há rasgos nervuras de névoas matinais
A conspurcar a claridade da madrugada
Em azulada nevoenta cor de madrigais
De luz rompendo clara branca alvorada

Um sol aberto horizonte em fogo lento
No gume punhal brilhando ferida luzidia
Um crepúsculo tão doirado e pardacento
Que mais parece anoitecer o raiar do dia

Que névoas mais frias despertam manhãs
Rasgando iluminada hora oblíqua sideral
Em clarão tingindo como orvalho de romãs

Tons alaranjados de um oiro por sentir
A luz amanhecida na madrugada matinal
Parece já a tarde a querer se despedir
...

musa

HORAS DE FOGO

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Dia que amanheces brisa e sal
Temperado na claridade tempura
A poalha da manhã espectral
Cobre te bruma quase loucura

Polme fritando os sentidos
O sol aceso do meu olhar
São esses dias amanhecidos
De um dourado crepuscular

Madrugadas que hão de vir fritura
Estio arrebatador do tórrido verão
Lembro sentir que entranhado perdura

As despertadas e afogueadas alvoradas
Ao sol estendido na carne da ilusão
Fazem do amanhecer horas malvadas
...

musa

terça-feira, 8 de abril de 2014

SOPRO

SOPRO

Aceso lívido respiração olhar
Atónito sentido a querer sentir
Apenas um suspiro a naufragar
Onde chegar é sempre partir

Sopro de asa na conjunção
Arte temporal nobre iniciada
Estendal versos imaginação
Fruto da vertical atravessada

Respira verso solto na atadura
Das palavras sons respiradas
Como se forma fosse loucura
Assim no poema enformadas

Sopro húmido frio nevoento
Quase vendaval cálida bruma
Voz silêncio respiro cinzento
Sobre as palavras a espuma

Melodia edificada sonoridade
Soprada aos ventos rochedos
Espandem o eco sensibilidade
E conta ao mundo os segredos

musa