terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CONFISSÃO

Sobre as escadas beijadas pelo mar
Pátina de maresia humedece as pedras molhadas
As fraguas naufragadas das vagas a soluçar
A dor que de sal humedecida
Se faz onda perdida
Em confesso pensar
Vaga sentida
Marear

Na escadaria há beijos de água salgada
Ondas arribando em sobressalto
Na pedra fria molhada
O céu firme alto
Por alcançar

E diante dos meus olhos húmidos de espanto
Os teus com o pranto das vagas em rebeldia
Num rosto de brancos cabelos de encanto
Como a espuma das ondas na praia sombria

Areia enchendo o pensamento leito
A água fria límpida e pura
O mar naufragando o peito
E esta saudade que perdura
Assim intensa deste jeito

Assoreamento que me fere a ternura
Olhar assombro tela poesia
Em profundo mar de loucura
Afundo em serena fantasia
Sem saber que me procura
A vaga que quer ser um dia
Areal desassossego alegoria
Caverna por descobrir
Onde escondo meu sentir
musa

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