quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ÀS VEZES ( dedicado ao RB…)

          photo Santiago Belacqua
ÀS VEZES ( dedicado ao RB…)

Às vezes querem dar-me madrugadas por abrir
E afogueiam inebriados céus de cores intensas
Às vezes inventam manhãs orvalhadas de sentir
E as noites adormecem-me suaves doces imensas

E os sonhos vagueiam em carrossel deslumbramento
Às vezes são o fogo lento desse sentir inebriado
Como despertados sentidos em céu do pensamento
E o dia florescesse dentro do meu peito fechado

Êxtase de contentamento em céus da alma deslumbrada
Todas as palavras florescidas néctar chamam sentimento
Às vezes clamam somente por uma melodia declamada

Há nos céus do meu país trilhos de azul e rosa num verso
Desbotando cores em brancas nuvens do firmamento
Como se o meu sentir fossem poemas do universo

musa

terça-feira, 19 de novembro de 2013

SONETO DO DESCONTENTAMENTO

os meus olhos humedecem lívidos prisioneiros
de um cansaço que adormece nos meus braços
esgotados tecem laços de sentidos traiçoeiros
que molham as faces ao brilho dos olhos lassos

escorrendo sentimentos em lágrimas perdidas
o olhar lividez esvoaça como aves migratórias
em bandos voos partem em choro combalidas
como alguém que atento ouve tristes histórias

olhos fincados num além de um horizonte presos
à espera de um vento que varra de sossego lugar
desse espanto do sentir em movimentos surpresos

na prisão sentimental das lágrimas pensamento
ficam as palavras humedecidas por chorar
o que por dentro é somente descontentamento
musa

AOS POETAS VISTAM OS POEMAS DE PIJAMA - MUNDOS DE VIDA


                                      http://www.mundosdevida.pt/

Vesti-te o poema de pijama
Pintei o dia com estrelas
Semeei ninhos pelo chão
Fiz do verso uma cama
Fechei de palavras as janelas
E adormeci-te no meu coração

Meninos de Mundos de Vida
Abraços de sonhos em poesia
Tanta é essa alegria consentida
Que assim se vive em fantasia
Em tão ternurenta realidade
Das mãos da felicidade
Colos que nascem das estrelas
Em escuridão sentimental
Das palavras mais belas
De que se faz Portugal
E outros mundos
Doces profundos
Em meigo carinho
Esperam feliz destino
O abraço mais pedido
Um colo um olhar
Um maternal sentido
Que alguém lhes possa dar

musa

MAR AUSENTE - Ernesto Cortazar — Alone at Sea


MAR AUSENTE

quando o mar já nada tem a nos dizer
e ainda ficamos a olhar a ultima vaga
e nos olhos se espelha a desfazer
a espuma branca em azul água

na calma maresia por cumprir
rasgos de cascos em profundezas
como se mar alterado fosse sentir
as ausências e todas as incertezas

e deixamos tombar da alma inquietude
mar ausente que se apressa ao areal
a cada maré que vai e vem de solicitude

há nas ondas incumprimento e maresia
que o vento levanta encrespado carnal
e chega ao meu olhar húmida poesia
...
musa

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

FOGO ORIENTE

Tu és o fogo
Eu sou o vento que o alimenta
Em dócil voragem
Faminta sedenta
Fogo oriente do meu sentir
Que maré transforma tormenta
E dentro do meu sentido parece existir
Dos olhos incendeia piras sagradas
Fogueira brilha a refulgir
Chamas ardentes doiradas
Alimentadas pela ventania
Fogo irado da sedução
Acende a tocha nostalgia
Em adormecido vulcão
Lavas húmidas salgadas
Despertadas pela mão
O vento fazendo arder
Convulsiva excitação
Em aragem prazer
Brisa adormecida
Na palavra acendida
Fogo oriente do ser

musa

ORIENTE SENTIDO

Há um céu de ouro folheado
Pétalas douradas de branco
Como se o sol fosse pintado
Em azul sentido manto
Doce oriente

Nuvens bordadas doirado algodão
Nimbos cúmulos drapeados sentidos
Vento que borda docemente
Manto dos anjos ilusão
Com sonhos cosidos
A ponto cheio
Linha de ouro

Céu marmoreado leve enleio
Esconde humedecido tesouro
Que a terra toda há-de cobrir
E desse Oriente sentido sentir

musa

FLOR ORIENTE

      
A Oriente
A vida é longa
O mundo é pequeno
Ao lado do sol nascente
O poema é um pagode
Com lanternas vermelhas
Decorado com rosas velhas
O interior é uma ode
Entoado de poesias
De aroma suave sereno
Brilhando mil fantasias
Em asas de pavões
E bordados corações
A fervilhar emoção
Em flores de cerejeira
Sakura marca a estação
Erguendo rosada bandeira
A oriente do país em flor
Assim chega a Primavera
Ganhando vida e cor
Numa viagem quimera
Paisagem bucólica sorridente
Assim é o Japão para lá do Oriente

musa

terça-feira, 12 de novembro de 2013

ÁGUAS PURAS

                               mar da Granja
queres um poema
no colo das tuas pedras
no convulsar das tuas águas
no cume das tuas vagas
dos meus olhos lustral
em pia batismal
águas serenas
paralisam sentir
dorme o verso
mar universo
quer existir
poesia

queres um poema
das águas do rio Jordão
em ritual purificação
vento escultor
vagas esculpidas
espumas destemidas
sal e dor
elevam-se do rio
que mancha a poesia
de um crepúsculo tardio
calandra solta vendaval
traz a noite ao dia
nas águas puras
águas escuras
nas águas impuras
purifica-se a poesia
do poema desejo
do vento e do mar
imortaliza-se o beijo
diante do meu olhar

queres um poema
nos meus olhos a grivar
as palavras casco de navios
as rochas humedecidas
pelas marés a naufragar
de musgos líquenes feridas
com o sangue de todos os rios
que ao seu leito vêm repousar
em assoreado descanso
nesse mar revoltoso e manso
navegam poemas à deriva
em olhar e maresia
vagueia a palavra perdida
da mais pura poesia

musa

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

OLHOS DE MAR

da Granja a Espinho
um mar tardio
sangra vagas andantes
delirantes
ofegantes
estonteantes
em espraiado olhar
encurta de marés caminho
ondas caminhantes
parecem caminhar
o meu olhar sozinho
ao dia triste e sombrio
as ondas dançantes
na tarde a naufragar
o sol escurecido e frio
endurecido mil diamantes
parece o chão a fumegar
neblinas humedecidas brilhantes
e a noite por chegar
de paragens tão distantes
que na praia vêm repousar
de viagens em asas de gaivotas
um bando sobre o areal
na orla do mar
endoidecidas abundantes
sereias da terra devotas
a esse deus desconhecido
profundo e leal
marítimo sentido
ainda o sol a brilhar
que olhos devoram
no azul demoram
de sal choram
a soluçar

musa

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PALAVRAS ALADAS

Queria as tuas asas
Pedraria
Setas lanças espadas
Um verso de poesia
Queria as tuas penas
Palavras aladas
Pontas de um sentir
As tuas mãos serenas
Os meus olhos a ferir
Golpes afectos profundos
Na pele dos poemas desferir
Rasgos do tamanho de mundos
Queria a tua boca um punhal
No meu sangue um peito
A palavra tão carnal
Como esse sentir desfeito
Adentro desferido
Apunhalado sentido
Adentro satisfeito
Queria o desse jeito
O poema por escrever
Na ponta de todo verso
As palavras e o prazer
Setas lanças espadas do universo
Adentro em mim o ser
Cravo de mim o que não pareço
Transpareço sem transparecer
...

musa —
em POESIA NO OLIMPO ( (setas, lanças & espadas).

terça-feira, 5 de novembro de 2013

JOGO DE PONTAS

Minhas mãos serenas sob teu olhar
Jogo de pontas pequenas
Em cadência a cortar
Rasgos poemas
A delirar
O verso
Setas lanças espadas
Cruzadas ou em reverso
Cortam esturdiamente o ar
Ferem o gume das adagas
Que os meus olhos vêm trespassar
Serenamente fendem pensamento
Secretamente o sentimento
Sentidamente a soluçar
Corpo a corpo em combate
Dois fios de um prumo cortante
Num golpe de misericórdia abate
Sentir insano profano delirante
Rumo da arma branca afiada
A rima no poema andante
Deixa a prosa decepada
E sobram versos delírios
Conflitos derrotas vitórias
Vinganças medos martírios
Poesia e outras histórias
Cerco emboscada contravalação
Setas espadas lanças
Contradanças e a ilusão
No meu olhar avanças
De tantas palavras contadas
Em guerras de imaginação
Estocadas em cruz cravadas
Sobra o punho da mão
Empunhando o sentido
Um punhado arremesso
Negra luz de um coração
Em heresia sangrado ferido
Gume do poema ofereço
Cortado fendido
No poema teço
O corte vivo
Poesia

musa