sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SUICÍDIO

atiro-me onde possa sentir-me esvoaçar
em espaço erguido escadaria da liberdade
faço das vagas escadas por onde possa alcançar
sonhado sentido vã ilusão da vida sem idade

memorizo na ponta dos dedos o vento
repousado silêncio em sulcos de sal
nas fendas relevos adentro do tempo
interiorizo vultos de forma carnal

de olhos fechados apalpo a falésia
mergulho alma crua rasgo claridade
entrego sentidos a uma abrupta amnésia
lambendo memórias lágrimas de saudade

tácteis afagos rebordos salientes
do promontório erguido alma dócil penhasco
atiro lembranças em suicídios diluentes
desfaço olhar inglório de nojo e de asco

despenhados pensamentos energúmenas ilusões
numa ponta de chão há-de haver começo e fim
mártir seja aquele que um dia terá razões
para morrer sonhando que não foi o seu fim

musa

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