sábado, 8 de junho de 2013

DECLARAÇÃO

“Se em declamar há amar, em matar há atar. Por mais que queremos matar saudades, desatamos por atar a ilusão à recordação.” MF

Temo tanto essa ilusão como tu. Declamo os atos sobrescritos de lembranças em saudades de um tempo que nos teve sem que soubéssemos guardá-lo inteiro dentro de nós e por isso não sei se sobrou alguma coisa que seja agora recordação.
Tivemo-nos de instantes em lençóis desconhecidos mortos de desejo por fugazes memórias que contamos e vivemos recordadas vidas que assim fizemos de suor e beijos.
E era no teu corpo que fazia viver o passado. Despertando do dia em tom agreste e lento uma noite apetecida. Adormecendo fim de tarde esfriado na pele amada e acalmando o desassossego das bocas num duelo de olhares feitos afetos e vontade cumprida.
Houve um riso escapado dessas lembranças que envolveu os meus olhos em capricho e loucura e quase quase vivi para te ter amado nessa hora, em rebeldia e ilusão.
Havia as tuas mãos em desenfreada correria por palmos de pele excitada e o vento da tua respiração soprando brisas de luz em caricias por inventar.
Ainda há amor declarado nos poros acesos pela saudade.
Fazes reviver momentos amortecidos em textos de lembranças querendo ir para o prelo da tua boca tornarem-se livros com folhas por desvirginar na profundidade de lágrimas perdidas em contraluz declamadas.
Não sei se somos uma declaração de amor ou o silêncio que por ela se escapa para acender o fogo da paixão.

musa

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