quarta-feira, 21 de novembro de 2012

LAR DE PAPELÃO


Há calor na carne do cartão
Há calor num abraço de papelão
Há calor num colo de papel

Se eu te disser que há aconchego
Numa cama de chão
Feita de desassossego e fel
Feita de inquietação e medo

Que há sossego num lar de vão de escada
Que há uma família na rua partilhada
Tu não vais acreditar
E vais pensar

Pobre mendigo de rua
Tao pobre que não tem nada
Pobre o que está a passar

Tem por companhia a noite e a lua
Mendiga o calor das estrelas fulgentes
Aconchega-se nas folhas de papel quentes
Mas na sua alma tão frias
E as suas noites tão vazias

E de dia?
Dias frios e dormentes
Para onde vai ele mendigar?
Há solidão sem fingimento
Em seus olhos tristes arrependimento
Há uma emoção escondida

Uma partilha de vida
Um descontentamento
Uma vida por contar

A quantos mendigos de rua
Conheces tu o brilho do seu olhar?
...
musa

2 comentários:

MARIA DA FONTE disse...

Que comovente! Adorei.
Abraços

Odete Ferreira disse...

Gerindo o tempo, cá venho de vez em quando. Leio, releio, sacio-me, entremeando-se o arrepio do prazer quase sensual que a tua poesia me provoca.

Foi por acaso que entrei que abri hoje o teu blogue. Deparei-me com algo tão a meu gosto!

Que sejam momentos de aconchego...

Bjos

(o melhor para ti...)