sexta-feira, 31 de agosto de 2012

AZUL ENDOMÉTRIO


Óvulo aninhado em distante universo
O corpo marcado de humedecido cio
Ramos carnais em nidação serena
Fímbrias das sombras negras
Tubas de azul poema
Aveludadas sedas
Entorpecidas

Silenciado aninhar gestacional
Em fecunda árvore do consentimento
Estranho advir contentamento
Cio despertado maternal

No caminhar secreto da lua
Onde o silêncio se faz sentir
Cobres a pele humedecida nua
Como se a terra toda se fosse vir
Em tesão insano pudesse implodir
Profano consentimento consentir
Apenas ser em ti tua lua nua
musa

FECUNDIDADE


eu te invoco LUA CHEIA de azul profundo
a maternidade plena do ventre fecundo
na imensidão do cosmo enegrecido
deixo em ti todo o meu sentido
concebe em mim graça do mundo
possa eu ter o que me foi prometido
das entranhas o ser oriundo
pelos dois portais consentido

eu te invoco LUA AZUL celestial
nesse fio de luz boreal
aberto em mim o portal
da doce fecundidade
traz-me a maternidade
concepcional

eu te invoco LUA sensualidade
no cio de toda a vontade carnal
aconchega no meu ventre protegido
essência do amor divinal
abre portais do desconhecido
seiva da vida em plenitude
numa prece de doce prazer
uivando com magnitude
a força de querer viver

fecundado âmago de todo universo
LUA CHEIA AZUL de esperança
traz a mim como ao poema o verso
dá ao meu ventre esperada criança
...
musa

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AMOR E PECADO


Se pecar é amar
Eu amo
Se amar é pecado
Eu peco
Pecadora eu me confesso
Em todo reino do amor
Sem qualquer dor
Ou emoção
Toda a sensação eu atravesso
Doce pecado
Ou ilusão
Peco em qualquer lado
Com a razão ou o coração
Estou contigo
Doce castigo
Paixão devoradora
Devoção devastadora
Pecado bem guardado
Sem qualquer perigo
Já alguma vez imaginado
Eu sou assim
Amo e peco
Vivo e me perco
Dentro e fora de mim
Onde tu estiveres
E se ainda me quiseres
Voltarei a ser
Tua doce pecadora
Dominadora
Te obrigando a pecar
De doido prazer
Se pecar é amar
Se amar é pecado
Eu não sei viver
De outro jeito
Em outro lado
De outro sentir
Tenho-te no peito
E não sei mentir
Estou apaixonada
Estás apaixonado
Sou pecadora
Tu és o meu maior pecado
Quero tudo e nada
Doce enamorada
Louco enfeitiçado
A tua caixa de Pandora
A tua senha bem guardada
A tua secreta balada
Doce provocadora
Meu bem amado
musa

domingo, 26 de agosto de 2012

NOVA MULHER


Atirei-me ao mar
Dentro da garrafa de vidro
Ficando a boiar
Tal como um sentido
Uma nova mulher
Doce madura
De sal na pele
Sabor loucura
Olhar de mel
Azul ternura

Boiando águas azuladas
Em oceano profundo
Entre o céu e o mar
Vagas calmas ondeadas
Balançam o sentir fundo
Sem partir ou naufragar
Águas azuis de um mundo
De sal e sentidos e mar
E um silêncio fecundo
Leve murmurar
Esse vaivém vagabundo
Que impede fundear

Eu nova mulher
Atirada ao mar

Quem me resgatará
Das águas me elevará
Nas mãos de Iemanjá

Raios de sal e luz
Prece e prantos

Ai ai oxalá

Possa essa mulher nova
Que de Poesia seduz
Qual sereia em seus cantos
Estendendo seus mantos
De sal luz e encantos
Seu murmurar sua trova
Seu sussurrar a todos quantos
Dura e ingrata prova
Receberem sua mensagem
Trazida na garrafa de vidro
Depois de uma longa viagem
Deitado ao mar o seu sentido
Em marítima paisagem
Depois de um sonho tido
musa

MAR ME CHAMA



Sussurram as pedras num balbuciar
O mar me chama a naufragar
Pedras inteiras humedecidas
De lágrimas de sal sentidas
Chama-me o mar e eu vou
Sem saber bem quem eu sou
Com todo o sentido profundo
Entro na água salgada
Levo as lágrimas do mundo
Em alma naufragada
Chama-me o mar
Em chamas de vagas
Ondas de espuma
Fogo de sentidos
Larga na areia a soluçar
Sobre as pedras lavadas
Cobertas de mar uma a uma
Certos sentires consentidos
E eu naufraga perdida
Chamada das profundezas
Conto-lhe a minha vida
O meu mar de tristezas
Finco olhar nessa imensidão
A cada onda de incertezas
Mar profundo de solidão
Sempre num vaivém de partir
Sei que um dia me vai fazer sentir
Vaga imensa sal emoção
Mar de lágrimas a sorrir
Bem dentro do coração
...
musa

sábado, 25 de agosto de 2012

SAL SENTIMENTAL


Das salinas do sentir
O ser marnoto labora a alma
Marinha flor de sal
Âmago luzidio salgado
Quais lágrimas do mar
Em cristais chorado
Sentimental

Sal da ria
Montículos de poemas acastelados
Salgado aveirense
Por entre os sapais em beijos de marés
Flor de sal poesia
Lábios das mãos beijados
Moios de séculos de gente
Beijando-lhe o sal os pés
O sal da memória da ria
Bolem suavemente os tabuleiros
Dias e dias inteiros
De mão fincada ao ugalho
Duro esse duro trabalho
Piramidal brancura
Dando fome à loucura

Levo a alma pela ria
Por entre pirâmides em montes
Em escondido madrigal
Sinto-lhe a face sombria
Atravessando o canal
Por debaixo das pontes
Levo a alma às salinas
Sinto-me uma carregadeira
Transporto-a dessa maneira
Filha do sol e do vento
Tenho nas mãos pequeninas
Todo o sal do sentimento
Ungida em forma dócil e fria
Batizo o mar do pensamento
Nos meus olhos de contentamento
Fervilha o sal da ria
musa

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

NOSSA SENHORA DO MAR


Quero agradecer-Te Senhora
Dos Navegantes Padroeira
Esta fé que me namora
E já dura a vida inteira

Nossa Senhora dos Navegantes
Que o vento forte faz embarcar
Leva essas lágrimas distantes
Para bem longe do nosso mar

Stella Maris e tu doce Maria
Com o menino nos braços
Sobre as ondas em romaria
Nos andores cobertos de laços

E os barquinhos com lindas flores
Em tão grande sentida devoção
Esquecem por instantes as dores
Olhos lavados de terna emoção

Sobem contigo a ria devagar
Descem singelos bacalhoeiros
Lembram as horas de navegar
Lembram no mar dias inteiros

E sempre sob a Tua proteção
Tantos homens dessa faina maior
Guardam-Te em fé no coração
As Irmandades de Nosso Senhor

Do Cais dos Bacalhoeiros, São Jacinto, Praia e Forte da Barra
Segue na Traineira “Jesus nas Oliveiras” pela Ria de Aveiro
Nas brandas águas que a Fé dos homens em prece agarra
E faz promessa pela lembrança de ser sempre marinheiro

Gafanha da Nazaré terra de mareantes
No teu coração a capela em pedra d’Ançã
Recolhes mistério Senhora dos Navegantes
A mais bela estrela no horizonte do amanhã

Velas por quantos sulcam as águas do mar
Proteges todos os que cruzam a ria
Aos teus pés se ajoelham a rezar
Nossa Senhora que os protege e guia
anabarbarasantoantonio

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

DO QUE ME DEIXASTE


Do que me deixaste
Cumprirei o meu sentir
Sabendo que nunca me amaste

Das palavras a espera de um tempo incerto
Dádiva de não esquecer
Do amor que não levaste
Do que não chegou a existir
Do sentido desperto
Do que não houve tempo para fazer
Do querer liberto
Do que nunca chegou acontecer

Hoje esperava o sol e veio a chuva
Em pleno Agosto e eu gosto
Derrapando a curva
Do tempo
E… foi tão bom
Hoje esteve a chover
Desesperava e do quase nada
Vieste tu
Trazer esse teu dom
Ao meu insaciável pensamento
De não teres ficado esquecido
E como prometido voltarmo-nos a encontrar
Lá na escadaria frente ao mar
Onde o sentir ficou perdido

Mais do que todos os poemas que eu contigo possa escrever
Mais do que a poesia que a tua vida me possa confiar
Mais do que o verso que pulsa da nossa imaginação a palpitar

Existe em nós um tempo de prazer que possamos deixar acontecer
Existe em nós a magia das palavras que apaga todas as mágoas
Existe em nós um universo que conspira sedução pela rendição
Existem as tuas palavras que nunca esqueço
Existe em nós uma doce paixão
Existe um tempo de ti que eu ainda mereço
Existe do sentir a razão
musa

FOGO LOUCURA


As carnes da terra trémula
Suspiram de prazeres atordoados
No vórtice dos sentires invocados
Acontece- te seres

Quanto de mim treme esse vulcão
Profanos insanos doces prazeres
Jorram os sentidos provocados
Do mais profundo tesão
Expelimos quereres desejados
Na lava húmida da nossa mão
Fogos acesos atiçados

E mais do que o sentido a vontade
Escorre o fogo da sensualidade
Em humedecidos beijos
Numa explosão de ternura
Saciamos nossos desejos
Em fogo aceso de loucura
...
musa

CICATRIZES POESIA


“Todas as cicatrizes calam um poema ferido pela palavra vazia...”
Ydeo Oga
Cicatrizados sentires em palavras feridas de um vazio silêncio
Calam-se os sentidos na ferida profunda da poesia
Feridos silenciados sentimentos cicatrizam
musa

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CANTO DAS AVES


Loucos pássaros cantam no teu sentir
Há neblinas de sussurros surripiados no silêncio
Novelos emaranhados de penas a esvoaçar
Na corda bamba de brisas presas no olhar
Fios puxados quase a partir
Onde tudo pode recomeçar

Cantam os pássaros na longevidade silenciada
Jamais as árvores saberão andar
 Por esse instante profundo imenso
Adormecida a névoa dissipada
Faz-se manhã frente ao mar
Com cheiro de maresia intenso
Onde o silêncio parece naufragar
E sobre o canto da sereia acordada
Uma gaivota vem cantar

Não há tempo vincado em memórias nuas
Que o canto das aves liberte serenidade
Marés já despertadas por ventos de luas
Onde tudo seja apenas mera felicidade
musa

domingo, 5 de agosto de 2012

NO AZUL DO TEU OLHAR


... FORAM-SE OS CARACÓIS DO TEU CABELO... FICAM AS PALAVRAS...
E A POESIA... SEMPRE!

Trouxe colinas selvagens
De arados lavrando teu sentir
Vales sossegados de paisagens
Onde o teu olhar veio florir

Trouxe planícies campestres
Tecidas em fino pano trigueiro
Bordadas de sentires silvestres
Perfume de orvalhado cheiro

Trouxe pastos de aroma corporal
No azul suado do teu sentido olhar
Todo teu corpo meu sentir catedral
Onde a natureza em mim vem repousar

O litoral a selva o campo e o rio escultural
Na pele estalada de sol humedecido mar
A escavar desassossego fatal
Na rocha do teu sentir descomunal
Em toda esta inquietação sideral
No fundo azul do teu amarar
Possa eu a terra navegar
musa

CHORO DE PALAVRAS



Vou-te confiar os meus silêncios
Ambos sabemos o topo da imaginação
Peregrinamos por palavras
Romeiros de sentidos
Caminheiros de ilusão
Errantes perdidos
Numa infindável sensação
De sentires desconhecidos
Confio-te o meu sentir
Em silenciada paixão
O mais intimo dos saberes
Onde o silêncio vai convergir
Cruzando todos teus dizeres
Na calada utopia desse imaginar
Feito de vontades anuências quereres
As minhas vivências liberdades afazeres
E tudo o que eu puder alcançar
No topo profundo de ti
Direi pois ao mundo
E nada direi sobre o silêncio
Direi dos sentidos do que senti
De todo este sentir em que me afundo
Todas as palavras incompreendidas
Viajantes interiores do ser
Silenciadas cruas e sentidas
Escritas por dom e por prazer
Direi em lagrimas paralelas
Na oblíqua demência desse choro
As lagrimas deixadas acontecer
Abertas de par em par como janelas
Nesta sensibilidade em que me demoro
E choro de palavras sem saber
musa