sábado, 19 de maio de 2012

LUGRE POÉTICO

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Airoso lugre dos temporais
Rainha Santa que ao mar se fez de velas
Bacalhoeiro de altivos mastros
Rompendo águas de chumbo sepulcrais
Batendo forte nos cascos das caravelas
Onde as ondas se fazem azulados pastos
E os veleiros arribam entre elas
Lugres pesqueiros castos
Na mão de tenebrosas procelas
Invadem as águas frias
Nos abraços das tormentas
Nos lábios de esperanças sombrias
Nas mãos de alvoradas magentas
Do colo das águas das rias
Catedral de madeira cordas e nós
Arrepios fados preces violentas
Velas latinas quadrangulares
Coros pregões latidos da voz
Quase em silenciados cantares
Numa faina de duros sentimentos
De pensamentos similares
Lugre dos mares salgados
De alegrias e desalentos
De sonhos e desagrados
Mais de riscos e tormentos
Uma vida poética ao mar
Mãos calejadas de esperança
A solidão insistente no olhar
Que a morte tantas vezes alcança
Que em terra se teme a matança
Que o medo faz naufragar
Que o medo faz a aliança
Que o medo faz soluçar
musa

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