domingo, 18 de março de 2012

NUNCA TE DISSE

No alvorecer
Ternas lembranças
Nunca te disse
Doces esperanças
Meigo prazer

Que a vida prende
Que o sonho atende
Que a poesia surpreende
Tantas vezes o ser

Toco cambraias de sentidos
Presos nos ramos do pensamento
Na trama da alma em movimento
Palavras em fios desprendidos
Dizem tudo em sentimento

Alma a florescer
Sem tempo

Nunca te disse
Nem nunca te contei
Mas posso dizer
Que de versos bordei
Finos tecidos
A ponto de sentidos
Com linha do ser

Sentada na soleira da palavra
Ponto a ponto a coser
De bastidor na mão
Poema cheio crivo de mágoa
Tentando entender
Como nunca te disse
Que bordo a solidão
Numa reinvenção
Em ponto de poesia
Trabalho de artífice
Que dignifica a fantasia
De assim ser

Como te ocultei
Todo este sentir

E nunca pude admitir
Que pela poesia me apaixonei
E toda ela tomou conta do meu ser
E ainda que não possas compreender
Jamais o neguei

Nunca te disse
Nunca te mostrei
Dos meus dedos doridos
Das minhas mãos empedernidas
Dos meus olhos humedecidos
Das minhas lides esquecidas
Nesta paixão cúmplice
Linhas de tantas vidas

Que trago da meninice
Nunca te disse
Eu sei

Mas agora que te contei
Quero-te dizer
Agora te conto
Para que me possas ver
Onde ponto a ponto
Me bordei
O Ser
musa

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