domingo, 20 de novembro de 2011

SE SOUBERAS

SE SOUBERAS
Como a cidade tem aromas
Do teu corpo suado
As ruas as tuas curvas
Do teu andar fantasiado
Guardado em vidradas redomas
E toda eu fragmentos
Em mil pedaços negros
Saudades e lamentos
Cofre de segredos
Feitos de mil formas
Nos teus lábios a brilhar
Do jeito que me tomas
Quando desejas me amar

Se souberas
As fachadas de janelas fechadas
Que a cidade não sabe guardar
Olhares que te espreitam
Em consciências severas
Que comigo se deitam
Na noite acordadas
Pelas horas austeras
Por dentro inanimadas
Por detrás da vidraça
Choros calados
Sombras de fumaça
Olhos cansados
E o mal que desfaça
Todo esse sentir
E os medos resguardados
Por quem não sabe mentir

Se souberas
E eu nada tivesse que pedir
Estender as minhas mãos à cidade
Vagabunda andarilha e pedinte
Feita senhora da liberdade
Dessa solidão que eu finte
Entre a mentira e a verdade
Por dela ser prisioneira
E viver a vida inteira
Uma existência muda
A essa cidade surda
Que não me ouve
Só e sentida
Uma vida
Que não me coube
musa

Sem comentários: