quarta-feira, 8 de junho de 2011

CAFÉ DA MANHÃ

Levo-te o café à boca
A noite parece ainda dormir
No umbral do teu olhar
Parece ainda sentir
Belo intenso madrugar

O gosto da madrugada
O chilreio dos pardais
A manhã já clareada
Luzindo gume de punhais

Onde foi que nos pedimos
Onde foi que nos perdemos
Os olhares que nos sentimos
Os beijos que nos demos
As palavras que gostamos tanto
As âncoras os nós os remos
Perdidos de riso e pranto
Por tudo que ainda temos
Por tudo o que já tivemos


Os beijos que amanheciam
Em vale de lençóis floridos
Nossas bocas se pediam
Em olhares enternecidos

Mãos cortando o silêncio doce
Presos gestos na escuridão
Como se ainda a noite fosse
A esconder nossa paixão

E o café dessa manhã
Fica na mesa a arrefecer
Madrugada doce avelã
Que nos faz acontecer

Da tua boca lábios romã
Trazes de noite a tua fome
A pele sabor canela e romã
A romper o dia que ainda dorme

Pele que eu sacio sem saber
Ternura que me sabe no peito
Bebo-te café aroma prazer
Em cafezais no nosso leito

Sacio loucura na tua sede
Quanto mais amo mais louca sou
Dominada inteira na tua rede
Sou companheira e a ti me dou

Não sei se vivo se vou morrer
Ainda a madrugada acontecia
O café já não pude beber
Pois tua pele me arrefecia

Em calor ardente dócil distante
Tinha o dia em mim a começar
O sol rompia como amante
Da noite que amei e estava amar
musa

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