segunda-feira, 28 de setembro de 2009

SOB A LUZ DA ESCRITA - VIOLETAS DO PRADO

VIOLETAS DO PRADO
As violetas do prado não são umas violetas quaisquer
Nascem selvagens na terra arrefecida
Perfumam o prado como se fosse uma mulher
Em traje negro de roxas rendas vestida
A terra seda húmus de odor humedecida
Bordam hortas lameiros prados desfraldadas cortinas
Um jardim de flores odores vida
Fazem das violetas versos rimas
Como alcatruzes de chuva ao luar
E na bordadura fumegante do ribeiro
Entre lírios grinaldas goivos pervinca boninas
Na terra húmida fria escura a desabrochar
A tinta roxa liquida do tinteiro
De um poema por escrever
Sob a luz da escrita
Feito de violetas pequeninas
Com um perfume intenso doce endoidecer
Violetas tantas e tantas e mais
Imenso jardim que jamais posso esquecer
As hortas olivais cortinhas quintais
Podem existir em todo mundo
Mas o cheiro das minhas violetas do prado
Em mim para sempre guardado
Não existe na natureza jamais
Assim entranhado profundo
...

musa

domingo, 27 de setembro de 2009

PALAVRAS MINHAS SENTIDOS TEUS

escrevo
para te encontrar
antes dos sentidos
de palavras
imaginando
trago-te de cheiros
fecho os olhos vejo
cor da tua pele
na tua iris
flores nos canteiros
na tua alma
perfumando
desejos
meus sentidos
excitados
em doce calma
no tacto
do que não sinto
mas imagino sentir
percorro palavras
como se me fosse a vir
na surpresa do gosto
de te ter
e...
de olhos fechados
sinto-te de prazer
de costas voltadas
silêncio sol posto
quase escuridão
aproximas-te
devagar
de mãos dadas
o rosto a corar
toda uma antiga
excitação
querendo nascer
querendo brotar
lembro
o que tivemos
de palavras
em mensagens
quase nuas
vibrando
de sentidos
as minhas
e as tuas
divididos
se devemos
ousamos
divagações
se queremos
ser além
de tudo mais
prometidos
apaixonados
iguais
perdemo-nos
de provocações
enamorados
lado a lado
de palavras
e sentidos
num querer
intenso
húmido
salgado
imenso
como se de amor
me viesse
no tacto
e na tua mão
sem regras
sem pudor
e num desejo
te tivesse
em absoluta
paixão
intenso
ardor

PRESSA EM TE TER

tenho pressa em te ter
sentir-te comigo
tempo sideral
perdido em abraços
beijos olhares
meu doce inimigo
até te cansares
nesta pressa mental
que tenho de ti
sem saber o que quero
desespero
nesse sentido
por ti
pressa dos teus braços
num aconchego profundo
do tamanho do mundo
em lentos passos
pressa dos teus lábios
em doce tentação
morna paixão
saber dos sábios
quimera
ilusão
torpor
desta pressa em te ter
só pode ser
amor
por ti

PARQUE DA CIDADE

percorria
ao longo do lago
caminhando vereda
encostada ao verde chão
da ideia que trago
no meu coração
árvores arbustos
flores cheiros cores
água odores mágoa
profusão de sentidos
invadem parque da cidade
corpos bustos
passeiam perdidos
quase já sem idade
sonhos vencidos
sem liberdade
rochas
areias
tochas
pedras
ameias
ervas
sendas
vadios
tendas
rios
deixo me ir na solidão natureza
pássaros vibram em mim sentidos
peixes brilham vermelho beleza
nas águas escuras ficam escondidos
o lago do parque da cidade
respira fétido intrépido morto
sua áurea inurbanidade
que jaz posto
saudade

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

CAVALGAR

Pela mão endeusada
venho-me de palavras
através do silêncio ateu
musa desvirginada
numa missão glorificada
em enredo lento de sentidos
desprendidos da mão de Orpheu
me prendo em leve pranto
solta poesia em toda eu
gemidos sussurros lamentos
doces fluido encanto
há uma lua que não se cansa
de irradiar sentidos em mim
faz-me ser égua solta
em nua cavalgada
como se meu cavaleiro fosses
louco intenso frenesim
e nas fases
dessa lua imaginada
luar torpor
tenho-te assim
de palavras
submergidas de espanto
tidas loucuras
preliminares da tentação
sem consentires
nem imaginares
corro pradarias
estendo pelo chão
meu dossel manto
banho lagos galerias
de ternura inquietação
deixo-me
em rios de mel loucura
nos cascos devolvo a terra
em pegadas de excitação
enquanto espalho ternura
no pranto de toda esta escrita
movida de sentidos em brisa
deixo reflectida cansaço
esfriado pelo luar
que tamisa prados de olhares
sem nada pedires
onde me sinto sentida
serei se assim deixares
a terra céu mar onde vires
luar gota orvalho sombra
palavra sensação vida
desliza
quando de mim sentires
pálida apreensiva ilusão
em leve coalho da mente
puderes ler
o que uma alma sente
de amor de vida
e de paixão
sentida

TIVE-TE

tive te
sentido desassossegado
por uma tarde
sem identidade
os brancos lençóis
de algodão
Minotauro de uma mitologia antiga
corpo pregado nessa brancura
onde manchas de intensidade
faziam nosso sossego
ninho de sedução
meia e liga
loucura
tive te
carinho touro
olhar faminto
dando conta
de seu desvairado
querer interno
desassossego
entranhado corpo e mente
nos olhos atravessado
por desejo indecente
tu e eu
e o leito
nu
tive te
indeciso em cópula leito
a espumar
desejo manchado
com teus odores
impregnado
do que te dei
por escassos minutos
senti
e agora que sei
teus olhos em fogo
teu negro pêlo
húmido a luzir
bafo da raiva
já a espumar
ditas-me regra do teu jogo
nesse intenso sentir
nesse teu delirar
quase a vir
quase
quase
amar

TRAZES-ME

trazes-me flores
derramando pétalas
no meu regaço
enches-me de cores
traindo de alegria
meu cansaço
inebrias páginas de fantasia
imagens comovendo sentidos
dás-me virtual alegria
como se fossem sorrisos
deixas te em olhares
de outros tempos
vales montanhas rios planícies
trazes o sol as estrelas a chuva
os ventos
candura feitiço de nuances
matizes
como se fossem
das tuas mãos
meiguices
e os dois
contemplando felizes
saudades pensamentos
por ti
saudades sentimentos
do que me dizes
aqui