sábado, 21 de março de 2009

ONTEM NÃO TE VI

ONTEM NÃO TE VI

E TODO O MEU CORPO TE RECLAMOU

FUI SOL DESPERTO NA TUA PELE
ONTEM NÃO TE VI
MAS ESCORRERAM DE MIM OS SENTIDOS
A ALMA POR TI CHAMOU
MADRUGADA FOI ELA
TODA EU GEMIDOS
ONTEM NÃO TE VI
MINHAS MÃOS FORAM AS TUAS
TUA ALMA SENTI-ME NELA
TEUS PASSOS PERCORRERAM RUAS
SEM CHEGARES ATÉ MIM
FUI LINHA PARALELA
DEITEI O CORPO EM LEITO FRIO
FIZ-ME MULHER DESEJO EM FLOR
ONTEM NÃO TE VI
E FOI O FIM
RASGUEI-ME DE CHOROS NO VAZIO
DE LÁGRIMAS QUE ME HUMEDECERAM O SER
DE MIL TORMENTAS DE AMOR
QUERIA MORRER
ONTEM NÃO TE VI
NO ESCURO DA NOITE
ADORMECI
EM TI

sexta-feira, 20 de março de 2009

DANÇA

Dança no meu olhar em tons de azul
Envolve-me de sedução
Pensamento
Num poema de gestos concisos
Dança corpo e sentidos
Centro
Norte e sul
Movimento
Ilusão
Passos imprecisos
Rodopia tuas mãos em meu corpo em convulsão
Ah! como elas se movimentam por inteiro
Volteiam em cadência precisão
Tanto do torneado do meu ser
Esculpido entre os teus dedos prisioneiro
A transparecer
Volúpia sensação
Querer
Verdadeiro
Ah! como o tempo devaneia por caminhos estranhos
Dança dia e noite com formas de tudo
Prende-me de palavras em sentido de ti
Horas sem tamanhos
Em tempo absurdo
Que me tem aqui
Dança desliza
Movimento lento
Ser o teu tempo
Ser tua brisa
Ser o teu vento
Senti
Alma
Corpo
Sentimento

TRAÇO

Serei traço em cor que precisas
Rosto ruga no teu papel
De traços modelas incendeias
Vestes alisas
Tintas modeladas em profusão
Trabalhas volteias
Entalhamento sedução
Esculpido a cinzel
Pintas o tempo
Para ser a tua cor
E na tela deslizas
Preso de amor
O fogo ateias
Sombras tamisas
Cru da paixão
De cor
Única bela
Sopras de brisas
Pintamos a solidão
Em traços
Na tela

quinta-feira, 19 de março de 2009

CARAVELA

Vagas...

Naus soltas no tempo

A minha alma pergunta pela tua

Há um mar de segredos entre nós

Almas desvairadas em movimento de luz

Desato-me de laços e de nós

Com o luar da lua

Mostra-me onde é o caminho

No meio das ondas e das vagas nossas vidas em cruz

Deixa-me ser bruma em teu destino

Porque a ter-te

Apetece-me abraçar-te a alma

Fazer amor com tuas palavras

Querer-te

Tê-las rosadas de sabor e de cheiros intensos

Húmidas e macias como a carne do ser

Odores acres de incensos

Apetece-me invadir-te de mil vontades

Sair-te no corpo salgada

Ter-te de maresia

Fazer-me mar em ti

E nesses oceanos navegados

Entre tormentas e turbilhões

Passaria encostada ao paredão

E amarraria no teu ser

Costa de múrmurios e solidão

Apetece-me ser dos teus gritos

Ter-te tanto na fúria dos mares

Amarras de mim desprendo

Se um dia tu me navegares

Cordas de que serão feitas minhas vontades

Com cheiro de bruma e sal

Prende-me das tuas necessidades

Com fio flor de sisal

Amarra-me caravela no vento

Com cordas que me prendem de sentidos desvairados

Em corpo que não se entende com o pensamento

Mil vontades que morrem antes do querer

As mesmas que se fazem vagas em mar

E de todos os sentidos conquistados

Desejo apenas viver

Esse momento de amar

Porque de um traço fui vela

Em nau de caminhos insatisfeita

Serena levada em sentimento

Sonhava ser caravela

Passar em cabo de tormentas

Para um dia chegar a bom porto

E ter alguem à espreita

Sonhava ser nau em águas doces

No bravo mar em que te movimentas

Por um momento queria que fosses

Cor em minhas tramas em minhas telas

Ter-me de tintas e de palavras

Olhar pelo teu olhar ... e ver

Por um instante não quero que me entendas

Mas deixa-me ser

Parte de um mastro que segura teu rumo

Chão de toda a tua alma erguida pelo sentir

Posso até ser pêndulo no fio de prumo

Mas se um dia partir

Dá-me o momento de vazar areias em maré acontecida

Mostra-me caminho em tempestade

Deixa-me ser vaga em tua vida

Mas por inteiro e de verdade

Deixa-me ser caravela de prazeres insanos proibidos

Rasgando ondas em azul de sal

A cor que procuras não encontras

Porque no tempo não há igual

E ao pintares as tuas telas

Faz-me caravela de sentidos

Que em qualquer mar afrontas

Como pintas em aguarelas

Tantos dos teus sonhos já vividos

sábado, 14 de março de 2009

VISTAM AS MULHERES DE POEMAS... CUBRAM-NAS DE JOIAS DE PALAVRAS

Vistam as mulheres de poemas

Cubram-nas de joias de palavras

Sintam em si caricias de rosas bravas

Pétalas de azul cor orvalhadas

Efémera sinfonia de odor

Adornem peles esbranquiçadas morenas

Rubias amareladas negras de cor

Em pleno deserto florescem escravas

As rosas azuis molhadas lágrimas sentidas

Mulheres em flor

Despidas

Vistam as mulheres de poemas

Com tecidos de seda de mil cores

Mil fios na trama de vil esquemas

Onde elas escondem suas dores

Cubram-nas de joias de palavras

Rasguem-lhe o corpo de sentidos

Em pedras raras contem suas mágoas

Tempo de ter sonhos prometidos

Poemas e joias feitos de pele

Tez de caricias em poesia

Mulheres doces

Mulheres de fel

Feitas da noite

Feitas do dia

sexta-feira, 6 de março de 2009

ATÉ FICAR PÓ

Queria ser em ti purificação
Queimar de alma todo o ser
Até ficar pó
Queria ser gotas luzidias sobre teu véu de pele sem cor
Pano de chamas de um fogo por lavrar
Queimar de palavras o pensar
Tiraste-me de dor a memória e o sorriso
E agora que me dás
Altaneira triste prelúdio num seio envolvente
Na borda do meu olhar conciso a querer ser demente
Porque é preciso que nada me condene
Nau de cinzas soprada em tuas mãos
Assim de mim farás
Visceralmente tida sobre as sombras ocultada
Dada como seio em lenho maduro
A cascara sagrada
De alma e corpo inseguro
Perpetuamente acontecida nessa indecente natureza
Queria ser em ti tronco ressequido
Mamilo grotesco jorrando seiva de ser
Queimar como fogo gelado e negro
Ser o que nada valho
Até ficar pó
Putrefacto sentido que me guia de galho em galho
Mortalha de manchas sobre o chão
Casca fria imatura gretada na orla do seio
Sobre todo o corpo vulcanizada
Num rasgo num veio
Sangrada
Até morrer

quarta-feira, 4 de março de 2009

ANIMA VÉU

Alma mente véu súbitamente
Desprendida em desfiladeiro íngreme desfacelada
Pensamento ruindo em queda d'água emoções
De sonhos arvorizada
Tempestade de átomos
Varrendo o cérebro conquistado
De ilusões
Pelo choro derramado
Alma imortal
Imaterial
Imoral
Espaço fechado
Sentida imponente colossal
Montanha abrupta sobre o mar
De tantas maneiras sensações
Ocupando o pensar
No rasgo de mim virtual
Roçar arestas similitudes
Razões
Vincada de sonho e vida
Olhar o choro de pedra
Em mil gotas de inquietudes
No corpo inteiro consagrado
Regresso e partida
Sentido o ser
Corporizado

domingo, 1 de março de 2009

ROSAS...obrigada Katia Guerreiro pelo "fado" à Brunoy

Eu quero amar

Amar as rosas

Ter-me de cheiros

Cores e prosas

Amar de rosas no meu peito

Ter as rosas na minha mão

Amar de qualquer jeito

No coração

De qualquer cor

Eu quero amar

Eu quero amor

Ai se tu soubesses do meu jardim

Constância de luxúria toda florida

Ter-te todo de rosas dentro de mim

Em flor amar de pranto assim sentida

Eu quero ser roseiral no teu olhar

Das rosas a mais branca a mais bela

Como pétalas de espuma bravio mar

Pintado de cores húmida aquarela

Das rosas me tenho perfume encanto

Campo de flores em meu peito sem espinhos

No olhar saudade triste sentido pranto

Bordado de cores sendas veredas caminhos

Oh... rosas floridas do roseiral

Deixai em meus olhos sonhos e vida

Aqui de rosas chão de Portugal

Sou terra choro olhar de partida

Dai-me as rosas folhas verdes esperança

Num canteiro florescer triste dor

É do cheiro delas que eu tenho mais lembrança

No meu peito aberto cresce rosa linda flor