sábado, 27 de junho de 2009

CORPOS (COM)SENTIDOS A (A)MAR - III

querias-me uma manhã
cheia de fogo
e de brancura
desperta vã
madrugada em teu desejo
como se olhar te implorasse
teus dedos sem lisura
deixando que um raio nos trespasse
memória dos lençois onde morro
manto preso de loucura
leito consagrado onde deixo e vejo
marcas de pecado e de ternura
vergas no sono em que me deito
defendo consentida a tua espada
sem que ergas paliçadas no meu peito
deixo-me ser na noite a tua fada
e rugas de prazer em mim desfazes
na revolta do sentir já sem pressas
sentes de mim o que não sabes
tens de mim sem que o peças
e pouco a pouco sem pedir
descobres de mim húmidos vales
rasgos sulcos veios
tréguas de desassossego
louco despertado
tiras-me e me dou
cego e ledo
anseios e males
por ti te sou
esse corpo
tão amado

1 comentário:

Humildevaidade disse...

Parabéns. Não li tudo, mas gostei de quase tudo o que li...

Cumprimentos