sexta-feira, 22 de maio de 2009

MAR ARDIDO

por marés gastas
na pedra madrugada
sonho a tarde
em que se lavam dos dias
do convés delírio
madrigal mar
em que contemplas sôfrego
paixão crepuscular
anoitecida
em ocre avermelhado
tingindo olhar
da tarde em ti ruborizada
instante do céu
próximo ao horizonte
poente cor gradiente
entre o azul do céu
e o escuro da noite
astro fulgente
vestido de um lusco-fusco
em seda sob véu
de uma aurora polar
Valquírias bruxuleiam
singelas timidas de luz
afogueada fluorescente
brilho âmbar de labaredas
espelhadas no mar
serenidade do crepúsculo fogo
na tarde do teu olhar ruborizada
águas em chamas
deixam passar
veleiro do sonho
ardido mar
águas queimam salgadas
pôr do sol acontecido

FADAS BORBOLETAS AZUIS

Há um brilho parado que estremece
São pérolas finas balançando
Nas ondas vagas onde acontece
Sobre as águas fadas andam dançando
Nas suas asas em seda tece
Um fino luar que as envolve
À espera que a noite a luz disperse
Para vir a neblina que as dissolve
Bando de fadas borboletas azul indigo
Descem num manto o tronco imponente
Cobrem de asas esvoaçando sem perigo
A árvore do lago fiada de sol ausente
É vê-las voando sobre o espelho das águas
Num círculo singelo de luz e de cor
De mãos dadas rodando sobre as minhas mágoas
Afundam no lago penas e a dor
Depois do bailado voltam para as fráguas
Onde dormitam quando o dia nascer
Escrevem de luz cânticos sobre tábuas
Triste poesia que nunca irá morrer
Mas a noite volta e lá estão elas
No espelho lago em contradança
Pequeninas fadas mágicas e belas
Poetando no escuro a meiga esperança
Fadas das águas andam bailando
Na fria solidão do melancólico lago
À luz do luar se agitam vibrando
Acordam a poesia que dentro de mim trago
E à luz do dia elas desaparecem
Aguardam a noite para vir bailar
São fios de palavras que os poemas tecem
Numa orgia de rimas que nunca vai acabar
Em pequenos passos de dança rodopiando
Agitam as suas asas brilhando ao luar
Mergulham nas águas seus corpos serenando
Emergem do lago sempre a cintilar

sábado, 16 de maio de 2009

RIBEIRA RUBORIZADA

fabulosa esta ribeira em fogo
este luzeiro aceso
nocturna de meus dias
onde tanto me canso e morro
de sonhos e fantasias
rio Éfeso
águas gradientes
ao sol imaginado
pensar ileso
nas pedras salientes
onde me gasto de palavras
e nesse leito afogueado
chamas em medas
resplandecente em brasas
coalho de luz
brilho âmbar de labaredas
espelhadas no rio sereno
desliza
crepúsculo ruborizado
em brisa
vento ameno
deixa espelhado
reflexo carmim
poemas cor de fogo
lendas
acendendo
sendas
veredas
em
mim

sábado, 9 de maio de 2009

PASSADO AMANTE

Deixa o passado quieto
No colo dos seios
Sobrevivente de beijos na tua pele
A tua mão quente a segurar
Teu olhar
Doce mel
Fundição de segredos
Forja dos medos
Deixa quieto o passado
No aconchego das lembranças
Ficar lado a lado
Depois de longas festanças
No apogeu do tempo
Após anos de ternura
Sentimento
Amor de tanta loucura
Sem identidade
Passado quieto
Pura vontade
Desejo desperto
Felicidade
Estonteante
Tu e eu
Um só
Amante

AMANTE LOUCURA

na tua sala escuridão
nossas mãos silhuetas
entrelaçam-se mão na mão
como duas borboletas
queimam as asas de amor
na pele suada insatisfeita
despem o olhar sedutor
sobre a cama já desfeita
e o teu corpo sobre o meu
dois seres de qualquer jeito
cada um querendo o céu
e elas sobre o meu peito
aberta a porta do segredo
já sem pudor para amar
entregas todo o teu medo
nesse tão louco vibrar
deitados em linho leito
como dois seres iguais
sem virtude sem defeito
amamos como nunca
jamais

domingo, 3 de maio de 2009

HINO À MATERNIDADE

Fui toda eu a dor o pranto a pena
Escanzelada aberta ao mundo
E de repente tão cheia
Assim revelada
Como a feminina lua
Branca e quente
Como a açucena
Por um segundo
Feia inchada nua
Os seios a rebentar
Todo corpo a arquear
O choro a gritar
O dique coração a transbordar
Não de dor sim de amor
A pele um lago de solidão
Onde navega uma alma
Prestes a naufragar
Sim de tanta calma
Sem razão
E a vida
Querendo nascer
Num parto que está para acontecer
Sublimação
Por fim
Sentida