sábado, 28 de fevereiro de 2009

GOTAS DE VENEZA

Muranos perfilados em ar espelhado.../... Transparente azul cobalto desvanecido.../... Amarelo sol em mil gotas soprado.../... No meu olhar timido surpreendido.../... Entre pontes barcas sobre a água nua.../... As casas debruçadas beijando o rio.../... Serena majestosa à luz da lua.../... Eu vi-a gotas de Veneza em vidro frio.../... Ah!... belas janelas em mil cores rendilhadas.../... Em lares prometidos como damas de outras vidas.../... Veneza de ruas em flor perfumadas.../... Tanto do teu ser é saudades sentidas.../... São lágrimas que barqueiros enxugam remando.../... Enquanto amados se juram de amor.../... Belas melodias se vão escutando.../... Nas gondolas bailando sobre as águas em flor.../...

LUAR

Seduz-me de rubro negro bela deusa Selene

Assim desfraldada de vastos braços verdes esguios de folhas ao luar

Teu manto de luz no lago proibido perene

Deixa-me entristecida em tão imponente olhar

E vinha eu aqui surpreendida

No negro luto da noite iluminada

Miriade de sonho reflectida

Das sombras dançarina

Na alma a vida

Pelas mãos do escuro transparente

Deusa timida clara e bela

Lua fulgente

Dando seu rosto cheio de desditosa amada

Os olhos fulminantes como cálida lamparina

Linda ousada sorridente

Fosse eu como ela

Luar inocente

Imagem de luz colorindo o preto num traço esboço

Toda essa noite aí espelhada

Prateando as águas sobre o leito fosco

Sonho enluarado na noite fechada

Em quadro tosco

A lua retratada

Em noite

Cheia

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

DESEJO AMOR PERFEITO

Fundir pulsando teu olhar
Desejos de amor perfeito partilhados
Na cumplicidade do ser
Teus olhos brilhantes de um trémulo luar
Raio de sol penetrando flor negra quase a morrer
Em pleno voo crepuscular
Sobre as águas ousando viver
Vagueiam tuas mãos em sois molhados
Rompe penúmbra de auroras por florir
Em dias noites momentos de nós procurados
Gemidos e ternos murmúrios silenciosos
Desflorar o rosto vencido por tanto sentir
De olhos fechados mas tão desejosos
E nesse mistério brilhando
Através de lágrimas sentidas
No êxtase morno de corpos se amando
Sobre o leito húmido de almas já despidas
Como rubros céus querendo brindar as madrugadas
Ao cansaço insano de nossas mãos se desejando
Perdidas entre carícias nesse vaivem abandonadas
A que se dão rendidas tantas mas tantas vidas
Corpos almas em pleno acto vibrando
Como doces anjos em terra caídos perdidas as asas
Num bramir crepitando
Como faúlhas
De brasas

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

TULIPA NEGRA

"Era comum ouvir-se falar na tulipa negra, uma flor rara e preciosa. Segundo uma lenda persa, uma moça chamada Ferhad apaixonou-se por um rapaz chamado Shirin. Vendo seu amor rejeitado, Ferhad fugiu para o deserto. Ao chorar de saudades e tristeza, cada uma de suas lágrimas, ao tocar a areia, transformou-se numa linda tulipa". (desconheço a autoria)

Vem surpreender-te entre virgens rosas de cheiro intenso

No cálice húmus flor de terra em nobre momento

Queima de ardor no meu olhar o incenso

Flui aroma em pétalas de vento

Perto de ti

Sensualidade de rubro tempo entre nós chama acesa

De um vermelho quase negro ousando beleza

Florir entre lábios doçura ardente

Derrama em minhas mãos

Pétalas de amor

Ausente

Como ter-te em mim sem temer perenidade

Tua haste segurando pétalas de negro

Brilho cor de púrpura vivacidade

Que no teu olhar antevejo

Pálida de mim

Tulipa

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ARQUITECTURA DO AMOR

Começei a escavar o chão... com as minhas mãos passeei em toda a tua pele.... desfazendo a cama onde nada acontece... como se estivesse cansada... arrefecida pela solidão... olhei os teus olhos dentro em doçura quase mel... estranha paixão onde me perdi... silêncio brisa do vento caíndo por fim sobre o meu corpo... ideias loucas desprendidas como vigas de sustento desse olhar... amei... em abraços rompendo da terra como esteios... num doce andar terno e lento... chorei... o meu pensamento quase morto.... desvaneceu no dorso molhado das minhas lágrimas... senhora de todas as águas... provei-me de sal... erguendo paliçadas de palavras construi o meu ser... arquitectei-me de poemas... dei-me em tecto quase dor... e compreendi que jamais seria igual... porque me fiz de amor... até morrer...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

AS TRÊS GRAÇAS

As três graças repartidas
Rosas frias num bailado
Musas nuas despidas
Num abraço cerrado
Que fazem elas tão risonhas a falar
De olhos presos abertos em flor
Divinas donzelas que fazem sonhar
Pranto das rosas transformado em amor
Deixo a clareira onde nada acontece
Luz ondeando no dorso do seu olhar
Fios de luz que em seda tece
A natureza querendo brincar
As três graças num abraço estendido
Esperam que as cubra manto de luar
Mistério odor assim desprendido
De corpo alma asas a esvoaçar
Em triste enlevo belo profundo
Sonho perene tido como meu
Sou musa graça de um novo mundo
Rosto de pérola em camafeu
Corpo desnudo faço chorar
Mulher sentida em choro teu
Olhos orlados pintados de mar
Graça loucura feita Orpheu

sábado, 14 de fevereiro de 2009

AMOR IMPERFEITO

Por ti chegarei ao fim da tarde

Amor na doçura de um poente

Encontro de passos rumo à eternidade

Enquanto nossas asas se agitam lentamente

E em bicos de pés amor imperfeito beijas meus lábios

A tua boca perdida docemente entreaberta

Ousando em quimica fórmulas de sábios

Mistura doce e secreta

E quando teu olhar faz a viagem subindo a linha

Lembro a dor que reparti pelo cais

Como flor de tempestade que se avizinha

De um amor tido jamais

Outra vez tão perdida tão sozinha

Faço a viagem deste sonho que eu invento

Queria ser andorinha e com o bando chegar

Na tristeza de um momento

Poder aí te amar

Das raizes de um só gesto abrir-te o mundo

Sou como um barco vazio

Em leito negro tão profundo

Presa na margem do rio

Num instante num segundo

De abraços te resgatar

Ai nosso amor que tanto demora

Nesse império de sentidos

Sem louros e sem glória

Por estes caminhos perdidos

Imagem assim entristecida

Essa noite de ternura

Em que na escuridão recolhida

Parti à tua procura

Com saudades de te dizer

Como te tenho no meu peito

De palavras te escrever

Assim tão deste jeito

Ter-te a ti

De mansinho e com ternura

Poder voltar sempre aqui

Com amor e com loucura

De uma vida que perdi

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

VIAGEM

Vim ser em tuas mãos estranhos caminhos .../... Chamada aqui para me dizer .../... Como sou palavra .../... Em ti .../... E de sentidos por ti despertos me escrever .../... Ao correr da pena solta e leve .../... Chamas de dentro de mim .../... Poesia breve .../... Sem fim .../... Porque me vens ler .../... Sentir de palavras .../... O ser .../... Quantas vezes acontecer em tantos destinos .../... Procurada .../... Tida .../... Nunca quero ser quem fui de sonhos vespertinos .../... Ousada de momentos prenhes de nobre vida .../... Mágoa de noite surpreendida a morrer .../... Claridade sono permissiva .../... Adormecer .../... Nessa brumália a florescer de névoas brisas caiadas de branco em flor .../... Sou tanto eu aqui a transparecer cálida ausente de mágoa e dor .../... Em ti fluo rio a correr de timidas lágrimas já sem cor .../... Porque se fez tarde e ausente esse amor .../... Sei que não me esqueces seja eu pensamento ou mulher .../... Tens-me de palavras tão sentida e submissa .../... Sei que já não sou uma qualquer .../... Ao teu olhar movediça .../... Fazemo-nos corpo inteiro consciente deste lavar da alma em profusão .../... Damo-nos por dentro entregues de carne e mente que medra e viça .../... Em campo raso chão demente sabor e cheiro triste solidão .../... Sentimos em raiva distante injustiça .../... Ao toque da nossa mão .../... Chamas por mim sempre que te sinto dentro do meu peito .../... Ainda que desconhecido num tempo de perecimento .../... As lágrimas tomadas de carmim .../... Morreres nesta viagem de um só jeito .../... Seres dentro de mim .../... Pensamento...